Diocese do Algarve esgotou fundo para apoio às vítimas da crise

Cáritas recorda ainda calamidades na Madeira e no Haiti

Com a Semana Cáritas à porta, de 1 a 7 de Março, a Cáritas Diocesana do Algarve veio apelar à generosidade dos algarvios, recordando as duas recentes calamidades que se abateram, primeiro sobre o Haiti e, depois, sobre a Madeira, mas não esquecendo os portugueses que se deparam com grandes dificuldades para conseguirem sobreviver.

A instituição destaca a importância do Peditório de Rua, que se realizará de 4 a 7 de Março, e que vai permitir reangariar fundos para ajuda aos mais necessitados em Portugal, e concretamente, na Diocese do Algarve. “Não nos podemos esquecer que hoje ajudamos os outros, mas também temos dentro de casa aqueles que necessitam”, evidencia o presidente da Cáritas algarvia, referindo aos carenciados nacionais.

Admitindo que o apoio dos portugueses às duas situações calamitosas – Haiti e Madeira – poderá contribuir para uma “diminuição da comparticipação” no Peditório de Rua, Carlos Oliveira informa que o Fundo Diocesano de apoio a famílias carenciadas e atingidas pela actual crise económica e financeira, constituído a partir das renúncias quaresmais do ano passado em cerca de 40 mil euros, “já esgotou”.

Aquele responsável assegura que “a Cáritas já começou a pagar do seu orçamento” diversas despesas dos carenciados como rendas de casa. “Temos situações de 5/6 meses de rendas de casa em atraso”, denuncia, explicando de que não se tratam de amortizações aos bancos de casas próprias.

Para além disso, a instituição tem ainda assumido pagamentos de água e luz. A alimentação é garantida através do fornecimento dos próprios bens ou da campanha dos Ticket Restaurant, sendo que até agora já foram fornecidas cerca de 3500 euros destas senhas.

A organização católica garante que no último ano recebeu mais 20% de pedidos de apoio em relação ao ano anterior, sendo que nos últimos 6 meses foram atendidas cerca de 1400 pessoas, o equivalente a mais de 400 famílias. “A nossa ajuda não é suficiente para as dificuldades que as pessoas têm e por isso também recorrem muitas vezes às paróquias”, testemunha o presidente da Cáritas do Algarve, considerando que este aumento significativo se deve ao desemprego.

Por outro lado, denuncia ainda que “há famílias de cinco pessoas em que todos estão desempregados sem terem direito Rendimento Social de Inserção”. “Alguns estão nesta situação porque emigraram e regressaram agora numa situação muito complicada”, constata.

Carlos Oliveira sublinha que, apesar das situações do Haiti e da Madeira, “a realidade portuguesa, no que respeita aos carenciados, desempregados e vítimas da crise, não passa ao lado”. “Continuamos a apostar no peditório de rua como forma ajudar essas pessoas”, justifica, lamentando que o Algarve seja a segunda região do país com maior nível de desemprego, “tendo uma perspectiva de futuro nada auspiciosa com o Alisuper em vias de encerrar”. “Serão mais 500 pessoas para o desemprego”, lastima.

Em relação à Madeira, o presidente da Cáritas Diocesana do Algarve explica que a instituição está já a recolher mobílias, mantas, roupas de cama, atoalhados, louças, talheres, trens de cozinha, entre outros bens que estejam em condições de se poderem utilizar.

Sobre a campanha lançada pela Càritas para apoio ao Haiti, Carlos Oliveira adianta que, a par de outros não tão avultados, “houve um donativo do INUAF – Instituto Superior D. Afonso III e da família Mello Sampayo de alguns milhares de Euros”.

Samuel Mendonça

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