Diáconos permanentes ganham espaço

Muitos são casados, têm emprego e servem as suas paróquias, que se vão habituando a uma presença diferente da tradicional

Lisboa, 06 dez 2011 (Ecclesia) – O diaconado permanente, restaurado pelo Concílio Vaticano II há mais de 40 anos, é ainda uma realidade desconhecida para muitos em Portugal, mas está cada vez mais presente: quinta-feira, 30 novos diáconos são ordenados no Porto, por exemplo.

O diácono Joaquim Soares, de 72 anos, foi ordenado em 1992, na diocese portuense, e considera que o diaconado deve privilegiar “o contacto humano”.

Este reformado bancário refere à Agência ECCLESIA que o “diácono é o rosto da Igreja que avança para a missão”, visto que, “muitas vezes, o mundo não entende o que é a Igreja”.

Ao diaconado permanente, primeiro grau da Ordem (sacramento que inclui diáconos, padres e bispos), podem aceder homens casados, depois de terem completado 35 anos de idade, o que não acontece com o sacerdócio na Igreja de rito latino, como em Portugal.

António Avelino foi ordenado diácono permanente no dia 8 de dezembro de 2010, na diocese do Porto, e explica o processo de discernimento para uma vocação ao serviço da Igreja que trilhou juntamente com a esposa, Inês Santos e com os seus três filhos rapazes, de 9, 11 e 20 anos.

“Não podemos falar de um diácono casado que não tenha a esposa e a realidade familiar presentes”, assinala.

Inês Santos admite que o caminho foi “difícil”, como ainda é a “manutenção de equilíbrio para que o tempo familiar seja também contemplado” pelo seu marido e diácono.

Os diáconos distinguem-se, segundo a doutrina da Igreja, pela “dedicação às obras de caridade e de assistência”.

Lino Gomes de Campos é herdeiro desta tradição de apoio aos mais desfavorecidos: preside ao Lar das Mães Solteiras e é tesoureiro do Colégio dos Órfãos, ambos em Braga, onde se depara com “casos complicados e gravíssimos”.

“Na vida profissional todas as pessoas que sabem que sou diácono ficam admiradas ao ver que um homem ocupado nas contas tem tempo para servir a entidade patronal e a Igreja”, revela.

Tomás Ferraz Machado Lima, que abraçou o diaconado permanente há 25 anos, considera-se “chamado por Deus” e encara este magistério como um “sinal visível” do serviço que a Igreja Católica presta ao mundo, em “muitas mesas”, a começar pela família.

“Eu sou diácono, em primeiro lugar, no meu ambiente familiar, na Igreja doméstica, hoje até como avô sou muito solicitado”, realça este bracarense de 67 anos, há quatro décadas residente em Lisboa, onde desempenha atualmente funções na paróquia de Nossa Senhora de Fátima.

Carlos Faria está a preparar-se para o “imenso desafio” de ser um dos dez primeiros diáconos permanentes da diocese de Viseu, respondendo a um convite do seu pároco, hoje bispo viseense, D. Ilídio Leandro.

Para este leigo de 40 anos é tão importante a ação do diácono nas celebrações litúrgicas como no “serviço aos mais pobres”.

O padre Georgino Rocha, delegado episcopal para os diáconos permanentes, na diocese de Aveiro, sublinha em texto publicado hoje no semanário Agência ECCLESIA, que “se a Igreja precisa de diáconos, não é porque lhe faltem sacerdotes, mas porque é Igreja”.

D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal, recorda, por seu lado, o momento em que ordenou os primeiros diáconos permanentes nessa diocese: “A experiência foi tão útil que o meu sucessor continuou e quase todas as dioceses do país recuperam este grau de Ordem que esteve esquecido durante séculos”.

LS/RJM/LFS/JCP/OC

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