Padre Pedro Fernandes conversa desde Capítulo Geral da congregação, na Tanzânia
Bagamoyo, Tanzânia, 23 out 2021 (ecclesia) – O provincial português dos Missionários Espiritanos disse à Agência ECCLESIA e à Renascença que a ação evangelizadora da Igreja Católica implica o serviço a cada pessoa, onde quer que esteja.
“O anúncio do Evangelho, explicitamente, não pode nunca separar-se de todas as outras dimensões ao serviço da pessoa humana, toda, de uma maneira muito inclusiva, sob pena de se desvirtuar esse anúncio. Portanto, hoje a presença dos institutos missionários é, sobretudo, marcada por essa proximidade, por esse entrelaçar-se com as realidades do povo em que nos inserimos e que nos acolhe”, referiu o padre Pedro Fernandes.
O religioso foi o convidado da entrevista semanal conjunta publicada e emitida este domingo, Dia Mundial das Missões, falando desde Bagamoyo, na Tanzânia, onde decorre o Capítulo Geral dos Espiritanos.
“Num mundo como o nosso, contemporâneo, em que as questões religiosas, da paz e da justiça são tão candentes, parece absolutamente prioritário que a abertura a outras culturas e sensibilidade religiosas esteja no horizonte primeiro da ação missionária da Igreja. Portanto, o diálogo inter-religioso é uma das prioridades fundamentais”, acrescenta o responsável português, que participa nos trabalhos.
Para o padre Pedro Fernandes, a missão “é conjunta”, pelo que todos os católicos se devem sentir “verdadeiramente comprometidos com a missão – perto, nas suas paróquias, nas suas Igrejas locais – e longe”.
O entrevistado fala da sua “experiência fantástica” de missão, na Guiné-Bissau e sobretudo em Moçambique, que lhe permitiu “perceber a presença de Deus e a vitalidade da Igreja em tantos contextos diferentes, com culturas, línguas, modos de expressão diversos”.
Foi um grande enriquecimento para mim, tornei-me mais rico vivendo em situações que, materialmente, economicamente, eram de maior pobreza”.
O provincial dos Espiritanos em Portugal realça a convicção de que a missão “está na vida”.
“Onde quer que a gente esteja, o que quer que faça, com quem quer que a gente tenha de interagir, aí mesmo está a missão, aí mesmo está o lugar de Deus, a colocar-nos em comunicação, uns com os outros. Isso é que é a missão”, aponta.
O Capítulo Geral dos Espiritanos elegeu como novo responsável mundial o padre Alain Mayama, de 50 anos, natural do Congo Brazzaville, que se torna o primeiro africano a exercer o cargo; o padre português Tony Neves é um dos novos assistentes gerais.
Durante a reunião magna houve um momento de homenagem aos religiosos que morreram durante a pandemia.
“A pandemia causou muitas vítimas entre os missionários do Espírito Santo pelo mundo. Em Portugal teve um forte impacto ao nível da degradação das condições de vida das populações que apoiam”, indica o padre Pedro Fernandes.
O sacerdote, que é também vice-presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), diz ainda que o processo sinodal iniciado por Francisco, a decorrer até outubro de 2023, representa “uma das grandes maravilhas e um dos grandes desafios” do pontificado.
“Temos de assumir com maior consciência e com maior compromisso que a Igreja somos todos, todos nós, e somos chamados efetivamente a participar, não apenas em posição de subalternidade, mas em posição de compromisso ativo”, sustenta.
Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)
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