Dia Mundial da Voz: Peregrinação de Setúbal ao Vaticano sensibiliza para cuidados primários

Cinco ciclistas e um carro de apoio dão «Voz à Esperança – Por Caminhos Nunca Antes Pedalados»

Setúbal, 16 abr 2015 (Ecclesia) – Dois laringectomizados partiram hoje de Setúbal numa peregrinação de sensibilização para os cuidados a ter com a voz, no seu dia mundial, um percurso de mais de 2800 quilómetros até à Praça de São Pedro, no Vaticano.

“[Para a viagem] enormes expectativas de sermos recebidos pelo Papa, é esta a nossa grande esperança”, explicou Manuel Fernandes Santos à Agência ECCLESIA.

Esta iniciativa pretende “dar força a todos os doentes oncológicos”, principalmente aos laringectomizados, revela, acrescentando que escolheram como início da viagem/peregrinação o Dia Mundial da Voz “para que ficasse gravado em todas as pessoas”.

A viagem intitulada “Dar Voz à Esperança – Por Caminhos Nunca Antes Pedalados”, que começou hoje em Setúbal, vai passar pelos santuários marianos de Fátima e de Lourdes (França), uma ideia do Movimento de Apoio a Laringectomizados (MovApLar), fundado em 1992, da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC).

“É um associar de uma peregrinação, da fé e do alertar a população pelos locais que vão passando para a prevenção primária. A LPCC não é uma instituição católica, apoiamos todos os doentes e não íamos deixar de apoiar uma peregrinação”, comentou a responsável pelo voluntariado do núcleo regional do sul da Liga.

Sofia Cabrita destacou os “quilómetros de coragem e a mensagem de esperança” a quem sofre e sofreu por ser laringectomizado, e contextualizou que em Setúbal são “mais de 250 registados”.

A responsável considera que a população portuguesa “está mais sensibilizada” para as doenças oncológicas mas ainda há “muito trabalho” porque aparecem “cerca de 50 mil novos casos de cancro por ano e cerca de 25 mil são mortais”.

Pedro Maciel, o motorista do carro de apoio aos ciclistas, assinala que “normalmente” as pessoas atingidas por este problema “eram muito comunicadoras, esforçaram muito a voz, para além do tabagismo, álcool”.

Laringectomizado há cinco anos, destaca a adaptação, “nos primeiros anos”, o “grande problema” de nunca mais ouvir a sua voz, rir como antigamente ou o facto de respirar pelo aparelho que o ajuda a falar que “é sempre outra grande dificuldade”.

“Nunca mais podemos mergulhar, tomar banho é uma grande dificuldade, é um risco mortal quase todos os dias. São dificuldades que gostaríamos de sensibilizar as pessoas mas não deixar de ter esperança”, desenvolveu.

“Falar sem mãos é perfeitamente espetacular”, revelou Pedro Maciel que estava a experimentar um kit novo, mas alertou que a tecnologia não evolui como desejado.

“A atenção e investimento científico não são prioritários. Nos últimos cincos anos com os instrumentos que me vão colocando tenho sentido que a minha qualidade de vida tem melhorado bastante”, comentou.

Para o condutor do carro de apoio, o facto de a meta ser no Vaticano representa um “esforço grande” e confessou a esperança de ser recebido pelo Papa Francisco que tem sido “muito evangelizador, pacificador e agregador”.

Filomena Gonçalves, terapeuta da fala da LPCC, destacou a “mensagem positiva” desta iniciativa e apelou para os cuidados que se devem ter, como “cuidar, hidratar, fazer repouso vocal”.

“Em Portugal há cerca de 600 novos casos por ano de cancro de laringe, é o 3.º país da Europa”, observou pedindo que se observem os sinais de “tosse [e/ou] rouquidão persistente, dor ao engolir ou perda da voz” e aconselhou que se deve consultar o médico sobretudo se os sintomas “durarem mais de 10 dias”.

CB

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