Avós: Joana Figueiredo lembra que a «pessoa mais velha tem um potencial enorme» (c/vídeo)

Investigadora salienta que as pessoas mais velhas já «têm voz, é preciso é escutá-las»

Lisboa, 26 jul 2022 (Ecclesia) – A investigadora Joana Figueiredo, que atualmente trabalha na Casa do Artista, identificou hoje algumas “lacunas na preparação da longevidade”, no contexto do segundo Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que a Igreja Católica celebrou este domingo.

“Não se considera o envelhecimento um assunto transversal a todas as idades, este entendimento que a população mais velha é um grupo homogéneo é uma lacuna na preparação da longevidade”, disse a assistente social em declarações à Agência ECCLESIA.

Neste contexto, Joana Figueiredo explica que um coletivo de pessoas “não significa ser homogéneo”, não têm as mesmas características, os mesmos gostos, as mesmas expectativas, ou as mesmas necessidades, nem “o mesmo projeto de vida”.

“Esta idade padrão que marca socialmente até do ponto de vista da legislação laboral, do mercado de trabalho, que marca esta passagem não pode ser encarado como uma fatalidade”, acrescentou a entrevistada que trabalho, por exemplo, durante 15 anos no Centro Social Paroquial de São Romão de Carnaxide (Patriarcado de Lisboa).

A investigadora, que alerta para o “fraco incentivo que existe de planos de vida ao longo da idade adulta”, estes são pontos que é preciso saber devido à “abordagem às pessoas mais velhas”.

“A pessoa mais velha tem um potencial enorme”, afirmou Joana Figueiredo, que trabalha atualmente na Casa do Artista, na entrevista realizada no âmbito do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que a Igreja Católica celebrou no domingo.

Segundo esta especialista, muitas vezes no campo da intervenção social veem e leem que “é preciso dar voz às pessoas mais velhas”, mas destaca que o que “é preciso é escutá-las”, para um paradigma da assistência e da vida com sentido e com propósito.

“É preciso criar espaços para estas pessoas serem ouvidas. Não obstante existirem enquadramento jurídico, planos nacionais, internacionais, a autodeterminação das pessoas e a participação de cidadania das pessoas mais velhas também no domínio das políticas públicas é uma área em que ainda temos uma experiência mais fraca, seja no processo de definição, de implementação e de avaliação das políticas públicas”, desenvolveu.

Joana Figueiredo observa que existe “um certo paradoxo” nas narrativas porque se “há um esforço e investimento” em várias áreas do saber para promover uma vida mais longa, “muitas vezes a narrativa é a de desvalorizar”, o que “não deixa de ser uma incoerência no discurso”.

“Poderíamos estar numa das fases em que é mais interessante uma vida longa, a realidade do dia-a-dia e o trabalhar com estas pessoas mostra-nos que não é, seja pela dificuldade no aceso a recursos financeiros, sociais”, assinalou, dando como exemplo o acesso a uma “habitação digna e com condições”, que, “por vezes. é um fator marcante naquilo que pode ser um envelhecimento com sucesso ou insucesso”.

A sociedade comemora esta terça-feira (26 de julho) o ‘Dia dos Avós’, data que na Igreja Católica é dedicada à festa litúrgica de São Joaquim e de Santa Ana, os avós de Jesus, pais da Imaculada Virgem Mãe de Deus.

Em 2021, o Papa Francisco instituiu na Igreja o Dia Mundial dos Avós e Idosos, uma celebração anual, no quarto domingo de julho, junto ao dia de São Joaquim e Santa Ana; Este ano, este segundo dia foi assinalado a 24 de julho com o tema ‘Dão fruto mesmo na velhice’.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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