Deus no terreno

E se por razões de laicidade do Estádio(?) a UEFA proibisse, no Euro 2004, qualquer expressão religiosa por parte dos jogadores – o sinal da cruz ao entrar, ou o ajoelhar de alegria ou pesar na sequência de um golo alcançado ou perdido? É possível que, caso fosse lançada a questão, houvesse fervorosos defensores da interdição. Há gostos para quase tudo… A proibição do Véu Islâmico ou do Crucifixo nas escolas de França tem contornos semelhantes além de, no caso islâmico, se entrar num terreno de grande sensibilidade política e social de efeitos contrários aos pretendidos. Apesar de, retirar o Crucifixo, ser do ponto de vista religioso, mais agressivo que proibir o Véu. As indecisões e mesmo recusas da inclusão, na Constituição Europeia, de uma referência ao Cristianismo como fonte inspiradora de valores, tem constituído uma espécie de braço de ferro dentro da mesma lógica, para não chamar uma afronta às confissões cristãs da Europa. Já se conhece a posição dos deputados portugueses (cessantes), nessa matéria. Como se sabe que as negociações sobre a Constituição Europeia, ainda não terminaram. Pelo que, os novos Candidatos ao Parlamento Europeu, têm uma palavra a dizer sobre essa matéria. Está mais que explicada a diferença entre um Estado laico e uma sociedade laicista. Estão mais que superados os complexos de intromissão do religioso no terreno político. Longe vai o tempo em que os impérios totalitários rasgavam compêndios e ensinavam epopeias jamais acontecidas. George Orwell fala do “buraco da memória” como purgatório de factos incómodos a alguns ditadores que, na vida, apenas aprenderam a retocar a sua imagem. Seria interessante, muito interessante, que os candidatos portugueses ao Parlamento Europeu se pronunciassem sobre esta matéria. Muito interessante seria que os nossos jornalistas não esquecessem de lançar esta pergunta, para que o povo tenha um perfil acabado sobre quem vai votar. Não é o único tema que importa saber. Mas é certamente um claro aferidor da arrumação, ou não, de quem vai representar o povo que somos. Esta não é uma questão menor. António Rego

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Agência ECCLESIA

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