Da Polónia comunista, à Angola em guerra, e à falta de tempo na Europa: o percurso missionário do padre Andrzej Fecko – Emissão 08-12-2022

O padre Andrzej Fecko cresceu num dualismo: em casa cresceu junto da sua família cristã, na rua cresceu no contexto socialista que o fez escolher o trabalho e não o estudo. Mas um convite de um amigo para passar férias deu-lhe a conhecer o carisma dos missionários verbitas e nessa altura percebe que este pode ser um caminho para a sua vida.
Em 1981, antes ainda da queda do Muro de Berlim, vai para Angola, onde permanece 32 anos, ajudando a construir infraestruturas de saúde, educação e de pastoral que ajude o povo a encontrar na religião o sentido que a guerra não lhes dava.
Hoje é o padre André, na comunidade do Prior Velho, onde procura ser padre em comunidade e afirmar que a sua missão é construir com outros e não mandar.
A Conferência Episcopal da Polónia concedeu-lhe a medalha de mérito missionário, reconhecendo a sua dedicação e capacidade de construção. O padre Andrzej Fecko acha apenas que fez o que tinha de fazer, «estar com o povo» e ser com eles.

«Eu estava próximo do marxismo-leninismo e por isso fui trabalhar. Não queria ser um intelectual, queria ser um trabalhador, qual como a ideologia nos dizia. Mais tarde tive consciência que viva entre duas realidades. No dia-a-dia, sentíamos que nos devíamos libertar do regime, colocado por Moscovo, e sentimos, mesmo na rua, que havia muitos militares soviéticos. Sentíamos opressão porque fomos obrigados a aprender russo. Queríamos ser livres, mas vivíamos na ideologia que entrava na nossa vida e mente»

«Na Igreja não podemos esquecer a evangelização. O nosso principal trabalho não é construir, mas evangelizar. Fizemos muito com os catequistas; formamos muitos que trabalham e ficam a acompanhar as suas comunidades. Nestas distâncias não há padre mas há catequistas formados para acompanhar. O padre é um só: já passou esta ideia de que o padre é que sabe e manda. Não. Não gosto dessa ideia. Vamos construir juntos»

«Lembro-me de participar num funeral com mais de 10 caixões de pessoas que morreram num ataque, com a mina a cair dentro de um camião. Não conseguimos fazer as orações porque os militares começaram a disparar e nós ficamos deitados no chão. Foram momentos fortes»

«Trabalhei (numa leprosaria) a fazer os curativos, precisava disto. São doentes especiais que não têm capacidade de se mover, alguns sem pernas, cortados por causa do avanço da lepra. Trabalhamos numa casa que até dava medo de trabalhar lá. Surgiu uma oportunidade de contactar com a Cáritas de França e recebemos financiamento para desenvolver um local apropriado»

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