D. Joaquim Gonçalves pede lei natural na condução social

A institucionalização das celebrações do Dia da Família e da Semana da Vida mostram que algo vai mal nas sociedades modernas a ponto de se sentir a necessidade de recordar a importância fundamental da Família e do respeito pela Vida humana. Sobre esta realidade reflecte o Bispo de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves, num artigo publicado no Semanário «A Voz de Trás os Montes». A ameaça, afirma o Bispo, “acentuou-se com as novas tecnologias e a nova mentalidade que tudo pretende sujeitar à vontade do homem, mesmo o que pertence à natureza das coisas”. Em muitas nações da Europa “há uma tendência de encarar o casamento e a família como algo exclusivamente privado, dependente da vontade dos cidadãos”. Exemplo dessa realidade são as “lutas parlamentares e sociais, de acontecimentos e processos legislativos”. “O casamento tanto pode assumir formalidade civil como mera união de facto; ao lado do casamento heterossexual reivindica-se o casamento de homens e homens, mulheres e mulheres; a intimidade conjugal é um descampado onde vale tudo; decide-se gerar filhos ou não gerar pela mera disposição do casal ou mesmo de um dos parceiros; aceita-se que a concepção não seja algo reservado ao casal mas possa derivar de uma colheita alheia ao casal; coloca-se a vida do nascituro na dependência total da vontade da mãe (aborto), e, na parte final da vida do idoso ou de doença grave e incurável, tende a aceitar-se que cada um é senhor de pedir o termo da vida (eutanásia). Assim, desde o início ao fim, tudo no casamento fica dependente da vontade dos cidadãos. Os Estados não têm valores, limitam-se a «regular o trânsito» no sector, do que resulta a liberalização total”. Sintoma de uma “superficialidade do pensamento dito pós-moderno”, indica D. Joaquim Gonçalves, “uma mentalidade para justificar as mudanças legislativas sobre o casamento, sobre a família, sobre a geração, sobre o aborto, sobre a eutanásia”. O Bispo de Vila Real aponta que a Igreja tem uma longa experiência acerca da Família, nascida também do contacto com “todas as raças e culturas desde as mais humildes às mais refinadas”, sabendo “o que há no coração humano”. Mas, D. Joaquim Gonçalves indica que nem tudo o que há na experiência cristã é exclusivamente religioso. “É fruto da experiência e da reflexão humana sobre a natureza das coisas. O casamento e a família são realidades naturais, pertencem em vastos aspectos ao mundo da biologia e da história. É o que se chama a filosofia natural”. A filosofia natural indica aspectos da “natureza da linguagem do corpo que podem e devem ser partilhados por todos, sejam ou não sejam crentes”. O Bispo de Vila Real relembra palavras de Paulo VI que escrevendo sobre a complexidade dos problemas actuais, afirmou a necessidade de o mundo requerer dos governantes, ao lado dos recursos da técnica, homens sábios, pessoas dotadas de senso e de sabedoria, com capacidade de ver para além da última moda e da última descoberta da informática. “A doença está aí, na falta de uma filosofia natural no pensamento contemporâneo, no sistema jurídico, na educação, na crise dos fundamentos”.

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