Cultura: Vaticano II é inspiração para tirar Portugal da crise

Pastoral da cultura do Porto propõe ciclo de conferências em torno do Concílio e do Sínodo para a Nova Evangelização

Porto, 15 mai 2013 (Ecclesia) – O responsável pela Pastoral da Cultura no Porto, Joaquim Azevedo, acredita que os documentos do Concílio Vaticano II podem “inspirar” a saída da crise que Portugal atravessa e a Igreja deve estar “na linha da frente nessa reflexão”.

“É com essa inspiração que devemos olhar para a sociedade de hoje, para os cristãos que estão hoje ativos, vivos e aqui”, disse o presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa (UCP) à Agência ECCLESIA, apresentando o terceiro e último ciclo de conferências Ecce Homo, que está a decorrer, sob o tema «O Sínodo para a Nova Evangelização nos 50 anos do Concílio Vaticano II».

Para o professor catedrático, a Igreja tem “particular responsabilidade” propondo um olhar para o “presente não apenas para o futuro”.

“Há problemas de pessoas concretas nos quais temos de agir com uma perspetiva de muita dedicação e ai fazer nascer sementes de esperança porque nada está perdido, há que refazer caminhos, reorientar ações, acalentar sonhos diferentes e novos e a nova geração que ai está é bem capaz de fazer isso, de uma forma diferente dos mais velhos”, realça.

Propor e refletir os documentos do Concílio Vaticano II (1962-1965) tem sido uma aposta do Secretariado da Pastoral da Cultura do Porto ao longo deste ano, apresentando no ciclo de conferências que organiza uma chamada de atenção, por considerar que “a melhor arma para fazer face aos problemas é o diálogo e a definição de caminhos conjuntos”.

O Concílio “abriu a Igreja aos novos tempos” mas “com processos lentos” e Portugal, acredita Joaquim Azevedo, “fez a receção ao mesmo tempo que se operaram profundas mudanças na sociedade com impactos sociais, económicos e culturais profundos”.

É esta reflexão que importa fazer ainda mais “neste momento atual” com uma “crise profunda” e onde “a Igreja tem uma palavra a dizer, pois é a organização mais antiga e com maior impacto na sociedade portuguesa”.

“É muito importante que seja a Igreja a tomar a dianteira da reflexão sobre este impacto”, observa o responsável, para quem “esse elemento de esperança e revitalização da sociedade portuguesa” tem de ser incutido pela Igreja, “mais do que dizer que vai fazer ação A ou B, porque isso compete às pessoas organizadas politicamente”.

“Há muitas iniciativas e a Igreja tem de ser essa fonte que inspira a sociedade e a tocar os pontos nevrálgicos que são sobretudo a liberdade, a solidariedade e a dignidade humanas e estes pontos a Igreja tem a responsabilidade de os fazer vir ao de cima num momento particularmente difícil”, prosseguem.

«Sede de Deus», «A sede do homem» e «O encontro das sedes» são os temas que conduzem este último ciclo de conferências ‘Ecce Hommo’.

Para Joaquim Azevedo, este é um tema “interpelador” pois a sociedade portuguesa está “sequiosa de encontrar horizontes e perspetivas” no meio da “incerteza e angústia”.

Para o diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral da Cultura no Porto, o Papa Francisco tem dado sinais de querer continuar o espírito conciliar fazendo a síntese entre a esperança “que muitos crentes e não crentes encontram nele” e a doutrina da Igreja.

LS

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