Cultura: Festival de música sacra «Terras Sem Sombra» aposta na internacionalização

Diretor artístico Paolo Pinamonti convida artistas estrangeiros e prossegue encomenda de obras adotada em edições anteriores

Santiago do Cacém, Setúbal, 04 abr 2011 (Ecclesia) – A sétima edição do festival de música sacra ‘Terras sem Sombra’ aposta na internacionalização com a contratação de artistas estrangeiros e do italiano Paolo Pinamonti, que entre 2001 e 2007 dirigiu o Teatro Nacional de São Carlos.

A iniciativa, organizada pela Igreja católica através do Departamento do Património Histórico e Artístico de Beja (DPHA), começou este sábado na igreja matriz de Santiago do Cacém, uma das paróquias da diocese alentejana.

O concerto inaugural “resume a filosofia” do festival, afirmou Paolo Pinamonti à ECCLESIA, referindo-se à interpretação de Maria Bayo, cantora espanhola que atua “nos maiores teatros do mundo”, e à estreia absoluta de ‘Peregrinação Interior: Cinco Sonetos Quinhentistas para soprano e orquestra de cordas’.

O trabalho de Alexandre Delgado, que à semelhança das restantes peças foi executado pela orquestra Divino Sospiro, prossegue a tradição da encomenda de obras que o certame já tinha assumido em edições anteriores.

Paolo Pinamonti, diretor artístico do festival durante três anos, explicou que escolheu “peças contemporâneas em diálogo com a grande tradição da música sacra ocidental”, na esperança de “abrir novas janelas” para a “magnífica terra” do Baixo Alentejo.

O diretor do DPHA, arquiteto José António Falcão, considera que o ‘Terras Sem Sombra’ constitui “um dos rostos principais do Alentejo e uma das experiências mais conseguidas da música sacra”.

O tema do festival, ‘Peregrinação interior – Momentos de Espiritualidade na Música Ocidental – Séculos XVII – XXI’, evoca as rotas de oração que se dirigem aos principais santuários católicos, e sobretudo uma atitude espiritual com os elementos que envolvem o ser humano, “não só os outros, a natureza e a cultura, mas também Deus”.

José Falcão sublinhou que a iniciativa pretende “lutar” contra o “divórcio” entre a Igreja católica e a arte: “Não podemos olhar com nostalgia para as grandes páginas do passado. Também hoje há uma música que nos ajuda a encarar de maneira diferente o mundo, a nossa relação com o fenómeno estético e a nossa relação com o sagrado”

“Esta associação entre património, música e salvaguarda da biodiversidade corresponde a uma grande necessidade do presente. E quando nos deparamos com momentos de crise e de angústia, a música e o património extraordinário que chega até aos nossos dias são um profundo sinal de esperança que queremos partilhar”, afirmou.

A organização instituiu pela primeira vez este ano o Prémio ‘Terras sem Sombra’, destinado a homenagear anualmente uma personalidade ou instituição que se tenha salientado no âmbito da música, património cultural e salvaguarda da biodiversidade, refere o site do festival.

O prémio, que nesta edição distingue duas personalidades internacionais e uma nacional, vai ser entregue a 7 de maio pelo príncipe Pavlos da Grécia, na igreja matriz de Santiago do Cacém.

Até 9 de julho o festival continua nas igrejas de Castro Verde, Vila de Frades, Grândola, e Almodôvar, onde a 16 de abril decorre o próximo concerto, com obras de Bach, Handel e Scarlatti interpretadas por Pierre Hantaï (cravo).

Além da obra de Alexandre Delgado, o programa do ‘Terras Sem Sombra’ inclui três peças que vão ser apresentadas pela primeira vez em Portugal.

PTE/RM

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