Crise: Patriarca de Lisboa recorda centralidade do trabalho e elogia intervenção dos leigos

D. Manuel Clemente e Manuela Ferreira Leite estiveram na Universidade Católica para falar do pensamento social cristão

Lisboa, 26 mar 2014 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, afirmou hoje que a Igreja Católica tem recordado a importância do trabalho como uma “realidade prioritária para a dignificação do ser humano”, neste tempo de crise, elogiando a intervenção dos leigos.

O também presidente da Conferência Episcopal falava à entrada para o colóquio sobre ‘O lugar do Pensamento Social Cristão na construção da Cidade’, promovido pela Associação de Estudantes de Teologia de Lisboa da Universidade Católica Portuguesa (UCP).

“Temos cristãos desassombrados”, declarou D. Manuel Clemente, aludindo à “quantidade de leigos” católicos “assumidamente” presentes nas “frentes económicas, sociais, empresariais, políticas”.

O responsável foi ainda questionado sobre a afirmação do primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, que esta terça-feira apresentou a redução das desigualdades sociais como uma prioridade do Estado.

“Espero mesmo que seja assim”, afirmou o patriarca de Lisboa.

D. Manuel Clemente sublinhou que aos bispos compete “apresentar os grandes princípios do Evangelho” e a Conferência Episcopal tem “abundantemente tido pronunciamentos sobre essas temáticas”, destacando a nota pastoral publicada em novembro de 2013.

D. Manuel Clemente sublinhou ainda os “pronunciamentos sucessivos” de instituições como a ACEGE ou a LOC/MTC sobre a atual situação do país, e considerou “legítimo” que existam várias opções.

“Há aqui um pluralismo de opções face a uma situação que é efetivamente complexa e complicada”, precisou.

“A Igreja é o conjunto dos cristãos e essa animação espiritual das realidades temporais é obrigação prévia e fundamental dos leigos, do laicado, que estão com a sua competência nos vários domínios da vida económica e social”, afirmou ainda.

Para Manuela Ferreira Leite, antiga ministra das Finanças, é “exatamente nos momentos difíceis” que se exige “que aqueles que perfilham determinados valores se apresentem a defendê-los”.

“Não me posso esquecer de umas palavras muito recentes, do Papa Francisco, que vem pôr questões de natureza de valores, especialmente a ideia do primado da pessoa humana quando se define uma política de natureza económica”, acrescentou.

Américo Pereira, da Faculdade de Ciências Humanas da UCP, refere por sua vez a importância do “discurso a respeito do bem comum”, por parte da Igreja Católica, como inspiração para a ação dos cristãos, imitando o que Jesus fez.

“Isto não é uma utopia, dá é muito trabalho”, precisa.

A conferência promovida pela Associação de Estudantes de Teologia de Lisboa pretendeu refletir sobre a “realidade citadina que se vive em Portugal a luz do Pensamento Social Cristão nas perspetivas económicas, filosóficas, sociais e religiosas”.

HM/OC

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