Crise: Equidade é os ricos darem mais para salvar economia portuguesa, diz bispo de Leiria-Fátima

«Humanidade não foi criada para servir os mercados; estes é que foram criados para servir a humanidade», declarou D. António Marto

Lisboa, 02 jan 2011 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, considera que a equidade consiste em pedir a quem tem maiores possibilidades financeiras que faça mais pelo restabelecimento das contas públicas, embora todos os portugueses estejam obrigados a esse objetivo.

“Quem tem mais tem o dever de dar mais. Isto chama-se equidade. Os mais ricos devem contribuir mais para curar a economia do nosso país doente. Mas ninguém é tão pobre que não possa oferecer algo para salvar a barca comum”, afirmou na missa a que presidiu em Fátima, no último dia de 2011, segundo homilia publicada no site da diocese.

O esforço para a superação das dificuldades deve passar pela “qualidade do trabalho, escolhas de sobriedade, aceitação de sacrifícios em nome da solidariedade, proximidade e partilha com os mais frágeis e carenciados”, apontou o responsável, acrescentando que os “gestos de solidariedade são sinais de esperança em tempo de crise”.

“Sentimos que estamos todos na mesma barca. Sem o contributo pessoal de cada um, a barca corre o risco de se afundar. Cada um deve fazer a sua parte para que a esperança vença o medo tanto a nível pessoal como coletivo. Desta emergência grave só sairemos todos juntos e solidários”, declarou na igreja da Santíssima Trindade.

D. António Marto recusa “pessimismos” e “catastrofismos”, assim como “ilusões” e “falsas seguranças que escondam as dificuldades do momento”, sublinhando que este é o “tempo de encorajamento e de empenho, em que cada um possa dar algo para que a esperança não morra e a paixão pelo que é possível não seja abandonada”.

“Não basta a lei dos mercados. A humanidade não foi criada para servir os mercados; estes é que foram criados para servir a humanidade. Se este princípio for respeitado, a esperança vencerá o medo”, realçou o prelado, que tem assento no Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa.

Os “desejos”, “inquietações” e “virtudes cívicas” dos portugueses precisam de um “fogo da fé, da esperança e da caridade” que as alimente e “impeça a sua decadência”, ao mesmo tempo que lhes oferece “um horizonte mais amplo”, referiu o bispo de Leiria-Fátima, que fez um balanço da atividade da Igreja em 2011.

A nível mundial D. António Marto referiu que o Papa “realçou o significado das Jornadas Mundiais da Juventude em Madrid, o encontro inter-religioso em Assis” e a “proclamação do Ano da Fé”, de 11 de outubro de novembro de 2013, em comemoração dos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965).

O prelado salientou também “a memorável festa da beatificação do Papa João Paulo II” e, a nível nacional, a continuação da reflexão sobre “‘Repensar a pastoral da Igreja em Portugal’ que mobilizou milhares de fiéis”.

No âmbito da sua diocese D. António Marto destacou o tema “chamados à caridade”, que considera “o modo mais belo de dizer quem é Deus e o que Ele espera” da humanidade.

“Foi algo que tocou fundo o coração de numerosos homens e mulheres comprometidos, generosa e alegremente, no testemunho da caridade de proximidade, de doação, partilha e apoio junto de quem sofre ou é carenciado”, assinalou na homilia intitulada “Abrir caminhos de confiança em tempo de dificuldades”.

RJM

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