Em Amorim e Laúndos, videoconferência permite um último adeus, em tempos de pandemia
Amorim, 23 abr 2020 (Ecclesia) – As restrições que a pandemia colocou aos funerais, que neste momento perderam o contacto humano e até momentos de oração, levaram o padre Guilherme Peixoto a juntar os familiares através de um “link”.
“Envio o link para a família, ela depois divulga pelos familiares dispersos nas paróquias e até no estrangeiro, e depois rezamos juntos”, refere à Agência ECCLESIA o pároco de Amorim e Laúndos, na Arquidiocese de Braga.
Sem velórios nas paróquias nem celebração da Eucaristia, o padre Guilherme optou por ir ao cemitério para rezar pelos que morrem.
Um momento que a tecnologia está a permitir partilhar com os familiares, numa tentativa para minorar o sofrimento das famílias que, por estes dias, se veem privadas do conforto que a proximidade dos amigos permite nestas ocasiões.
“Logo na primeira vez que fiz isto, resultou e vi a fé das pessoas a rezar em casa”, relata o entrevistado.
O sacerdote identificou nalgumas famílias “aquele peso de que a pessoa faleceu e ninguém rezou por ela ou que nem houve missa”, por isso decidiu que as plataformas digitais podiam dar uma ajuda também nestas situações, e o resultado foi positivo.
Era como se estivessem na Igreja, levantavam-se quando era altura de se levantar, sentavam-se com era altura de se sentar… tinham a cruz junto de si ou preparavam um pequeno altar e senti que as pessoas estavam a seguir a eucaristia com um respeito enorme e a gostar desta interação que as plataformas digitais permitem”.
Para o pároco de Amorim e Laúndos, estes encontros digitais, além de confortarem os familiares numa ocasião de perda, tornaram-se também na oportunidade para reunir familiares a residir noutras localidades e noutros países.
O recurso à videoconferência também está a ser utilizado com a catequese e nas celebrações eucarísticas com as crianças dos vários catecismos.
“Como padre, prefiro celebrar a olhar para os rostos ali presentes em tempo real no ecrã do computador e nas casas de cada um, do que celebrar a Missa a olhar para uma parede branca”, justifica o padre Guilherme Peixoto.
Este cuidado pastoral que conjuga a liturgia com o digital está a mobilizar a criatividade de muitos sacerdotes.
“Faz-nos pensar que por vezes, nós não temos esse mesmo empenho a preparar a homilia e a celebração do domingo”, conclui.
HM/OC
Covid-19: Igrejas fecharam, mas abriram em casa de cada um – padre Guilherme Peixoto (c/vídeo)