Covid-19: Igrejas fecharam, mas abriram em casa de cada um – padre Guilherme Peixoto (c/vídeo)

Sacerdote e DJ fala numa «pastoral do confinamento» que desafia as comunidades católicas

Amorim, 21 abr 2020 (Ecclesia) – O padre Guilherme Peixoto, da Arquidiocese de Braga, está a recorrer à internet para partilhar a música, como DJ, e a sua fé, num momento de confinamento, devido à pandemia de Covid-19.

“Este vírus conseguiu fazer o que nós em Igreja há anos estávamos a tentar e não conseguíamos, que as famílias rezassem em casa”, refere o sacerdote, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O responsável pastoral das comunidades de Amorim e Laúndos na Arquidiocese de Braga – conhecido como o padre DJ pela sua animação musical no “Ar de Rock”, espaço de encontro e convívio da comunidade de Laúndos – também experimenta, por estes dias, o confinamento a que o novo coronavírus remete.

Para quem tem duas comunidades paroquiais, e ainda é capelão em quatro campos militares, ficar em casa foi “um desespero”, confessa.

O padre Guilherme Peixoto decidiu “ler os tempos, ler os novos desafios”, para conseguir “estar perto das pessoas e ajudá-las a viver a fé”, como é que o pároco “pode levar também uma mensagem de esperança”.

A busca levou-o a transferir o equipamento eletrónico para casa e trazer o espírito do “Ar de Rock” para a residência paroquial, onde passou música na internet, pela primeira vez.

“Correu bem, há uma interação há uma alegria, já temos os nossos ‘clientes’ certinhos a chegar a horas, e já se conhecem destes diretos sem nunca se terem visto fisicamente”, relata.

A popularidade do “padre DJ” já não é só paroquial, mas internacional, sobretudo depois da divulgação do seu trabalho numa das maiores agências de notícias do mundo.

“Cria-se um ambiente de alegria e também de responsabilidade, porque se aproveita para dar alguns conselhos e trocar ideias, até com a participação de médicos que nos seguem em diferentes países”, explica.

O impacto do digital passa também para o que o responsável católico qualifica como “pastoral do confinamento”: com a catequese presencial suspensa, continua a celebrar para os mais novos em videoconferência, uma forma de sentir a comunidade mais próxima e de envolver as famílias nos momentos celebrativos.

“Uma coisa é celebrar a olhar para uma parede, outra é celebrar a olhar em tempo real para estas famílias, que de um momento para o outro, não podendo ir à Igreja abriram Igrejas domésticas” afirma o padre Guilherme, o qual acredita que a comunidade vai regressar com muita mais força, com uma fé mais forte.

Como padre e com a Igreja fechada, o entrevistado sublinha o conforto que sente ao perceber uma comunidade de famílias a rezar em casa e a forma como os novos tempos têm sido ricos em desafios, para os sacerdotes.

“A maneira como se comunica, esta maneira de estar mais próxima através das pessoas, o empenho que dá preparar um vídeo, imaginar o texto, montar os cenários, as filmagens… faz pensar que por vezes nós não temos esse mesmo empenho a preparar a homilia e a celebração do domingo” reconhece.

Para o pároco de Amorim e Laúndos, os tempos do confinamento estão a revelar-se uma surpresa pastoral.

“Vemos que as famílias estão a recuperar uma fé mais pura e mais verdadeira. Será já uma fé diferente daquela que nós deixámos quando fechámos os templos”, conclui.

HM/OC

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