Covid-19: Respostas sociais e pastorais à pandemia foram apresentadas com «verdade e frontalidade» por representantes das 21 dioceses de Portugal

Ciclo de debates decorreu em seis sessões ao longo da Quaresma

Lisboa, 24 mar 2021 (Ecclesia) – A Agência ECCLESIA e o Secretariado Nacional das Comunicações Sociais promoveram o ciclo de debates ‘O desafio da (i)Humanidade de grupo’ onde foram apresentadas com “verdade e frontalidade” respostas sociais e pastorais para o tempo atual de pandemia.

No encerramento das seis sessões, que decorreu na tarde de hoje, a diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais disse que os debates, a partir dos dois últimos documentos publicados pela Conferência Episcopal Portuguesa, decorreram na “valorização dos textos produzidos pela CEP” e ficam marcados pela “verdade e frontalidade dos convidados ao longo das semanas”.

Isabel Figueiredo valorizou a “grande riqueza” do exercício de “pensar juntos” o tempo atual, adiantando a possibilidade de continuar a experiência concreta de sinodalidade.

O sexto e último encontro do ciclo de debates quaresmais contou com a participação do padre Amaro Gonçalo, da Diocese do Porto, do padre José Miguel Pereira, do Patriarcado de Lisboa, e do padre Nuno Folgado, da Diocese de Portalegre-Castelo Branco.

O padre Amaro Gonçalo disse que a pandemia é um “tempo positivo”, que criou “elasticidade à mudança” e deu um “empurrão” à Igreja Católica, nomeadamente no relacionamento e na valorização das famílias.

“A pandemia deu-nos o empurrão que precisamos quando não vamos por convicção”, afirmou o pároco da Senhora da Hora, na Diocese do Porto.

O padre Amaro Gonçalo referiu que a pandemia deu uma “sacudidela” à “monotonia pastoral” e considera que é necessário “perceber as razões” de quem não volta à comunidade para “refazer os laços” e “voltar a tecer os fios de ligação da comunidade, porque os fios digitais não chegam”.

O reitor do Seminário dos Olivais, do Patriarcado de Lisboa, lembrou os “sinais de esperança” que emergiram com o confinamento e referiu também “as fragilidades e os desafios” deste tempo, nomeadamente o acompanhamento pessoal e a valorização da celebração da “narrativa da vida”, descobrindo depois o específico da dimensão sacramental.

O padre José Miguel considera também que é necessário aprender o significado da palavra sinodalidade, que não consiste só em “juntar o pensamento de muitos”, antes se situa na capacidade de “gerar em conjunto”.

“Faz-nos falta a alegria de pensar juntos e gerar em conjunto as coisas”, sublinhou.

Para o reitor do Seminário dos Olivais, a pandemia fez despertar projetos de ajuda, estabeleceu redes de apoio para levar comida ou ir à farmácia, mas não criou possibilidade de acompanhamento pessoal e espiritual, onde muitas pessoas continuaram a “sentir-se sozinhas”.

O padre Nuno Folgado, da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, disse que a pandemia deveria ter merecido um “olhar profético” com “mais capacidade de “anúncio e de denúncia”, nomeadamente por parte da Conferência Episcopal Portuguesa, nos setores da educação, saúde e prisões.

Diretor do Secretariado Diocesano de Pastoral de Portalegre-Castelo Branco referiu que a pandemia deixou muitas populações isoladas pelo falta de acesso às plataformas de comunicação, e sugeriu que se fomente mais o sentido de comunidade, mesmo com poucas pessoas, do que de “paroquialidade”.

O padre Nuno Folgado considera também que a pandemia poderia ter constituído uma oportunidade para valorizar o essencial dos sacramentos, como do casamento, não encontrando razões para que tivessem sido suspensos, por não constituírem “um perigo para a saúde de ninguém”, mas sim “tudo o resto” que acontece por causa do casamento.

No encerramento do ciclo de debates, o padre Manuel Barbosa, secretário e porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa felicitou a realização da reflexão sobre os dois últimos documentos da CEP, afirmou que os textos resultam de um “exercício de sinodalidade”, que tem de continuar na receção de cada um deles, e sugeriu a oportunidade de “repensar juntos a pastoral da Igreja em Portugal”, como indicou um documento do episcopado publicado em 2007.

D. Armando Esteves, presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização, valorizou o “percurso sinodal” que aconteceu com a realização do ciclo de debates “Desafios da (i)Humanidade de grupo”, disse que a Igreja “perdeu muitos comboios” durante a pandemia e tem de deixar de “dar tudo”, porque “dá a comunhão, a catequese e até a Missa” deixando para as pessoas o pedido de “dar uma esmola”, e começar a “ouvir todas as pessoas”.

D. João Lavrador, presidente da Comissão Episcopal da Cultura Bens Culturais e Comunicações Sociais, valorizou os debates promovidos pela Agência ECCLESIA e pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, em diálogo com os secretariados diocesanos, e disse que a Igreja “não pode deixar passar este tempo sem fazer uma análise do que aconteceu”.

“Há resposta muito positivas, mas há um exame de consciência muito profundo a fazer. Não foi tudo muito positivo da parte da Igreja”, afirmou.

No encerramento do ciclo de debates, D. João Lavrador disse que é necessário “colocar o ser humano no centro” e olhar para a crise como ocasião de discernimento e esperança, que “permite encontrar rumo para o futuro”.

Desde o dia 17 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, e até hoje, decorreu o ciclo de debates ‘O desfio da (i)Humanidade de Grupo’; durante seis sessões, representantes das 21 dioceses de Portugal analisaram os documentos  ”Recomeçar e reconstruir”  e “Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal” publicados nas duas últimas assembleias plenárias da Conferência Episcopal Portuguesa, o primeiro com análises e respostas sociais e o segundo referindo desafios pastorais no contexto da pandemia Covid-19.

PR

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