Covid-19: Privação do «bem maior» da Eucaristia evita o «mal maior» de uma pandemia – D. José Cordeiro

Agência Ecclesia/MC

Bragança, 14 mar 2020 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade (CELE) da Igreja Católica em Portugal disse que a suspensão da celebração comunitária das Missas “é uma experiência nova” mas é uma medida necessária para “guardar o bem maior”.

“Não deixamos de ter a Eucaristia celebrada e adorada mas sem a participação do povo e o exemplo vem do Papa Francisco que todos os dias permite que seja transmitida da sua residência, na capela de Santa Marta”, assinalou D. José Cordeiro em declarações à Agência ECCLESIA.

O presidente da CELE explica que a suspensão da celebração comunitária das Missas, determinada pela Conferência Episcopal Portuguesa esta sexta-feira, toca com o preceito dominical das pessoas participarem na Eucaristia mas “há aqui o bem maior da comunidade”, para conter o contágio do coronavírus Covid-19, e por isso, privam-se “do bem maior que é a Eucaristia, o Santíssimo Sacramento”.

O também bispo da Diocese de Bragança-Miranda acrescenta que, de certa maneira, faz-se “um jejum da Eucaristia comunitária” mas as pessoas não estão dispensadas “da leitura da Palavra de Deus, da adoração do Santíssimo Sacramento” e os sacerdotes, bispos e presbíteros, de celebrarem a Missa “todos os dias, por todo o povo”.

Sobre as celebrações em direto nos meios de comunicação social, nas páginas da internet e nas redes sociais, D. José Cordeiro observa que é a “participação possível neste tempo de crise”, quando a participação ideal “é a ativa, consciente, e frutuosa que exige a própria presença e exige a assembleia como presença de Cristo na presença de quem preside”.

“O uso dos meios de comunicação pode ajudar a reforçar laços para não ficarmos privados muito tempo da assembleia, da comunidade. Os sacramentos são os sinais que geram a comunhão, a vida, a missão”, desenvolveu.

D. José Cordeiro explica que “suspendendo a Eucaristia tocam todos os outros sacramentos”, nomeadamente, as situações mais delicadas das exéquias, da celebração do Batismo, que se devem “circunscrever ao núcleo familiar, às pessoas mais próximas” pelo “bem maior do dom da vida”.

O surto de Covid-19 foi detetado em dezembro de 2019, na China, e já provocou mais de 4900 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) informa que o número de casos confirmados é de 112; O primeiro-ministro, António Costa, numa declaração ao país anunciou que as escolas de todos os graus de ensino vão suspender todas as atividades letivas presenciais a partir de segunda-feira.

Para o bispo de Bragança-Miranda este tempo que as famílias têm de estar em casa é uma oportunidade de uma “consciencialização maior da Igreja familiar, da Igreja doméstica” na escuta da Palavra, na oração do Terço, na Via-Sacra, e de uma “experiência de nova humanidade e relações novas, de proximidade tendo Evangelho a iluminar a vida do quotidiano”.

“Mesmo nesta situação e crise delicada, Deus não nos abandona, está connosco”, realçou D. José Cordeiro, que incentiva à “criatividade pastoral e litúrgica” para os momentos de oração e liturgia em família.

O presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade assinala também que “não” podem abandonar as pessoas, “sobretudo as que mais precisam” dos sacramentos, pedindo “um especial e redobrado cuidado à oração dos enfermos, à distribuição da comunhão às pessoas doentes, ao viático, aos moribundos”, assegurando que procuram que “com a prevenção de todas as decisões e medidas” pelas autoridades sanitárias e civis, na colaboração uns com os outros, “dar um sentido da vida até ao fim do fim”.

PR/CB

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