Covid-19: Presidente da CNIS admite situação «preocupante», apesar de avanços na vacinação

Padre Lino Maia considera «imperioso e urgente» concluir as negociações do Compromisso de Cooperação para 2021-2022

Foto: Lusa

Porto, 25 jun 2021 (Ecclesia) – O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) afirmou hoje que a “situação atual é preocupante” porque faz “temer uma possível progressão” da pandemia nos lares e destaca que o processo de vacinação “está a decorrer bem”.

“A nossa segurança é que a grande maioria de utentes e trabalhadores já está vacinada: não sendo uma solução absolutamente eficaz é, entretanto, uma segurança protetora”, referiu o padre Lino Maia à Agência ECCLESIA.

O presidente da CNIS considerou que o processo de vacinação “está a decorrer bem”, com a exceção do “muito tempo de espera” para a vacinação das pessoas que tenham estado infetadas, face à orientação de “só ao fim de seis meses depois da recuperação poderem ser vacinadas”.

“Achávamos que era demasiado tempo, até porque tudo nos fazia crer que o tempo de imunidade após a cura, em muitos casos, não seria tão longo. Depois, nos Lares, tínhamos pessoas vacinadas (as que nunca tinham estado infetadas) e pessoas por vacinar – o que nos preocupava porque dava uma certa sensação de insegurança e dificultava a gestão de visitas e saídas”, contextualizou.

“Agora está a ser corrigido, pelo que estou mais confiante”, acrescentou o sacerdote da Diocese do Porto, referindo que “já está decidido” que o lapso de tempo entre cura e vacinação é de três meses.

O responsável assinala também que são “muito poucos os trabalhadores que recusaram a vacina”, mas há cerca de 4 mil que ainda não foram vacinados, “porque estiveram infetados”.

No início desta semana, a DGS confirmou seis surtos em lares, 54 casos de Covid-19 e três mortes.

O padre Lino Maia explica que as quase 900 lares de Instituições associadas da CNIS estiveram “sem qualquer surto” durante várias semanas, ao contrário de fevereiro, em que chegou a haver 386 surtos, então com cerca de 9000 utentes e 4000 trabalhadores infetados.

Para o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, “só devem ser limitadas” as saídas e as visitas dos utentes “onde, na comunidade ou nos respetivos Lares, houver surtos”.

“Os nossos utentes já estiveram demasiado tempo enclausurados e isso agravou a situação de muitos deles, nomeadamente com reflexos na própria saúde mental. Claro que não se pode ‘baixar a guarda’: visitas controladas e protegidas e saídas ponderadas e também protegidas”, indicou.

O Governo português decidiu prolongar a Medida de Apoio ao Reforço de Emergência em Equipamentos Sociais e de Saúde (MAREESS), que permite a instituições como lares de idosos a integração de pessoas para desenvolvimento de trabalho socialmente útil, até ao final do ano.

O presidente da CNIS assinala que esta medida “é favorável” e explica que há uma outra que “devia ser imediatamente adotada”: “Continuar a reportar as frequências aos níveis de Fevereiro de 2020 para efeitos de comparticipação pública”.

“Sobretudo, é imperioso e urgente concluir o processo de negociações do Compromisso de Cooperação para 2021-2022. Estamos no fim de junho e não estão concluídas as negociações, temo mesmo que possa não haver acordo, o que provocará uma grande instabilidade e revolta”, acrescentou.

O padre Lino Maia explica que estão em causa “as comparticipações públicas” e estando as Instituições “num processo de degradação”, o Estado tem de assumir as suas responsabilidades.

“As Instituições já estavam muito mal, mas a pandemia tem agravado a situação, particularmente no que se refere a apoio a idosos e a pessoas com deficiência”, sustentou o presidente da CNIS.

CB/OC

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