Covid-19: Jornada «Memória e Esperança» evoca vítimas mortais e quem sofre com aumento de «desigualdades»

Jorge Wemans adianta que querem que a questão da pobreza seja «um foco, um objetivo principal das políticas públicas e do modo de viver em sociedade»

Foto: Lusa

Lisboa, 21 out 2021 (Ecclesia) – Jorge Wemans, da comissão promotora da Jornada ‘Memória e Esperança’, disse que o projeto quer homenagear as vítimas da pandemia, num momento de paragem, para “reforçar a esperança” e lembrar quem sofre com o aumento das desigualdades.

“A pandemia veio de alguma forma, e os números mostram-nos isto, agravar as desigualdades e tornar intoleráveis as situações de pobreza: Portugal é um país com uma extensa franja da população de pessoas que são pobres”, referiu à Agência ECCLESIA.

Um conjunto de personalidades da sociedade civil portuguesa, incluindo responsáveis católicos, promove a jornada de homenagem às vítimas da pandemia, com o alto patrocínio do presidente da República, de 22 a 24 de outubro.

Jorge Wemans assinala que a pandemia provocou um agravamento das condições de pobreza, mas reconheceu que também existiu “mobilização do Estado e das autarquias, que foram muitos importantes”, e muitos gestos particulares de vizinhos, de organizações, associações da sociedade civil, que se debruçaram sobre o outro, “motivados por sentimentos de compaixão”.

“Não podemos esquecer, deitar fora, tudo isso que se construiu de relações de proximidade ao longo da pandemia. São coisas que vão ficar para futuro. Apesar de mais sofridos, ficamos também mais próximos e é uma aquisição muito importante da pandemia, algo que dá esperança para o futuro”, desenvolveu o jornalista.

Segundo este responsável, a comissão promotora da jornada que tem 100 pessoas de várias origens, o que mostra que um “desejo de um futuro” em que a questão da pobreza seja “um foco, um objetivo principal das políticas públicas e do modo de viver em sociedade”.

Tudo isto que vivemos não podia ser esquecido, passado para trás, como se fosse apenas algo na memória de um ou de outro. A pandemia foi algo que fica na nossa memória coletiva, e o desafio desta jornada é o desafio de pararmos para homenagear aqueles que partiram, as vítimas, mas também para reforçar a esperança naquilo que nos vem de tudo quanto conseguimos fazer em conjunto”.

Jorge Wemans sublinha que aquilo que se viveu na pandemia “não foi um pequeno acontecimento” que tocou uma pessoa ou outra, ou afetou “mais profundamente” uma família.

“Foi algo que se abateu sobre nós todos, que vivemos juntos, que conseguimos ir superando porque nos mantivemos juntos e respeitando os outros capazes de assumir comportamentos que defendessem os outros. É por isso que Portugal chegou à frente no que diz respeito à vacinação, somos o primeiro país no mundo a ter 85% da população vacinada”, acrescentou.

Jorge Wemans observa que começa a haver um sentimento de “desejo a que tudo volte a ser como era” antes da pandemia, mas “não é bem essa a perspetiva desta jornada” que se trata de “olhar para a frente” pensando naquilo que se construiu e “exigindo mais” pessoalmente e da realidade da sociedade.

“Quase todos vivemos situações de dor, de perda, mas esse é um passado que não queremos esquecer, mas que por outro lado é um passado em que existem também muitos motivos de esperança e queremos celebrar essa esperança, não num futuro que seja igual ao passado, mas num futuro diferente, melhor”, acrescentou.

A jornada ‘Memória e Esperança’ visa mobilizar a sociedade e suscitar a participação de todas as pessoas e instituições que o desejarem, tendo criado o sítio online memoriaeesperanca.pt.

O presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, marca presença na cerimónia de encerramento, este domingo, ajudando a plantar uma oliveira nas imediações do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

O manifesto divulgado online evoca os familiares e amigos das vítimas, as várias categorias de profissionais que trabalharam até ao esgotamento nas linhas da frente.

Para o grupo de cidadãos “é imprescindível” fazer o luto pessoal e comunitário, num tributo às pessoas que faleceram, para “acolher o sofrimento e as narrativas” dos que foram afetados pela pandemia e suas consequências e “celebrar e agradecer a todos os que cuidaram da saúde e minoraram o sofrimento e a dor de tantos”.

HM/CB/OC

A 14 de novembro de 2020, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) promoveu uma celebração nacional pelas vítimas da Covid-19, na Basílica de Santíssima Trindade, em Fátima.

celebração contou com a presença de 20 bispos católicos; do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; do primeiro-ministro, António Costa; e de várias entidades públicas que se quiseram associar a esta homenagem de oração pelas vítimas, diretas ou indiretas, da pandemia.

 

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