Covid-19/Economia: «Um dos sinais mais claros de transformação é perceber que não precisamos do consumo todo» – Helena Marujo

Investigadora na área da Psicologia Positiva vai participar no encontro «Economia de Francisco»

Lisboa, 22 abr 2020 (Ecclesia) – A professora universitária Helena Marujo afirma que “perceber que afinal não” é preciso o “consumo todo” a que a sociedade estava habituada é um dos “sinais mais claros de transformação”, no contexto económico, do isolamento provocado pela Covid-19.

“Não morremos se não formos a centros comerciais, conseguimos encontrar e criar alternativas ao consumismo, ao materialismo, e estes elementos vão ser fundamentais para pensarmos outras formas económicas”, explica a docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas da Universidade de Lisboa.

Em declarações à Agência ECCLESIA, Helena Marujo, que vai participar no encontro ‘Economia de Francisco’, assinala que o modelo atual “trouxe infelicidade, divisão, e trouxe doença, muita doença mental, muita doença social, muita ausência de coesão, muita clivagem” e, hoje, há uma “preocupação muito maior” com tudo o que é comum, num “retorno à humanização que a economia, a princesa das ciências, acabou por dizimar”.

Segundo a investigadora na área da Psicologia Positiva, a pandemia Covid-19 veio “ameaçar” as três áreas em que “o bem-estar está alicerçado e se fundamenta”: “As relações humanas, o emprego e a saúde”.

“Talvez, por isso, estejamos tão abananados e a precisar de iniciativas, e projeto como este de Assis têm como intencionalidade relembrar que temos de cuidar muito mais deste planeta, do nosso espaço comum, da nossa casa comum”, acrescentou.

Helena Marujo vai participar no encontro mundial ‘Economia de Francisco’, convocado pelo Papa para Assis para o final do mês de março, e que a organização adiou para 21 de novembro, por causa da pandemia do coronavírus Covid-19.

“O grande pressuposto é de que o modelo económico não nos tem servido, não ajuda a proteger, nem tem sido protetor da terra e dos bens comuns, nem dos bens relacionais e, uma das razões, passa pelo facto de ser focado no bem-estar quase estritamente individual e isso ter impedido que cuidássemos uns dos outros”, explicou.

Na cidade italiana, a docente portuguesa vai integrar um grupo especialista em “políticas de felicidade” e de que maneira os novos formatos económicos podem ser “impactados por visões da felicidade pública, uma felicidade focada, centrada no bem comum”.

Foto Agência ECCLESIA/MC

“A grande visão em relação a este evento foi trazer jovens prontos para se envolverem neste projeto e essa experiência é exatamente um olhar muito próprio do Santo Padre em perceber que o futuro se faz com estas novas gerações a pensarem esta nova maneira de viverem em conjunto. Eles já são sinal dessas mudanças”, explicou Helena Marujo.

Neste contexto, a investigadora na área da Psicologia Positiva afirma acreditar, “cada vez mais”, na mudança quando estão “múltiplas gerações em conjunto”, em “múltiplos olhares” e já estavam inscritos mais de dois mil jovens, com menos de 35 anos, de 115 países, incluindo Portugal.

“Tenho visto, depois de um primeiro impacto ‘agora afinal não vamos’, voltar a acender esse fogo do entusiasmo e estão a emergir iniciativas que implicam inclusivamente recolha de fundos para ajudar os 50 jovens que irão. A continuar a promover projetos e pensar em conjunto sobre novas e melhores maneiras de vivermos”, adiantou.

Ao longo desta semana, a professora Helena Marujo conversa com a jornalista Lígia Silveira sobre esperança no programa Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, num “desbloquear olhares confiantes em relação ao futuro”, pelas 22h45.

LS/CB

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