Covid-19: Bispos católicos desafiam União Europeia a superar crise com resposta conjunta e solidária

Presidentes de Conferência Episcopais enviaram mensagem às instituições europeias e aos Estados-Membros, pedindo que nova vacina esteja disponível para todos

Foto: Lusa/EPA

Bruxelas, 18 nov 2020 (Ecclesia) – A Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE) enviou hoje uma mensagem às instituições europeias e aos Estados-Membros, alertando para a necessidade de superar a crise da Covid-19 com uma com resposta conjunta e solidária.

“A esta crise que nos surpreendeu e apanhou desprevenidos, os países europeus reagiram inicialmente com medo, fechando as fronteiras internas e externas, alguns recusando-se até a partilhar entre os Países as provisões médicas mais necessárias. Muitos de nós estávamos preocupados que até a própria União Europeia, enquanto projeto económico, político, social e cultural, estivesse em risco”, refere o documento, divulgado online.

O texto, intitulado ‘Reencontrar A Esperança E A Solidariedade’, é assinado pelos presidentes dos episcopados que integram a COMECE, incluindo D. José Ornelas, da Conferência Episcopal Portuguesa.

Os signatários pedem, em particular que a vacina contra a Covid-19, seja “acessível a todos, sobretudo aos mais pobres”, assim que estiver disponível.

“A pandemia que nos atormentou nos últimos meses abalou muitas das nossas seguranças e mostrou a nossa vulnerabilidade e a nossa interdependência. Os idosos e os pobres em todo o mundo sofreram o pior”, pode ler-se.

O texto apela ao respeito pela liberdade de religião dos crentes, “em particular a liberdade de se reunirem para exercer a própria liberdade de culto, no pleno respeito pelas exigências de saúde”.

“Isto torna-se ainda mais evidente se se considera que as obras caritativas nascem e estão também enraizadas numa fé vivida”, acrescenta.

Declaramos a nossa boa vontade de manter o diálogo entre as autoridades estatais e as eclesiásticas, para encontrar a melhor forma de conciliar o respeito pelas medidas necessárias e a liberdade de religião e de culto”.

A COMECE sublinha que o futuro da União Europeia “não depende apenas da economia e das finanças”, mas também de “um espírito comum e de uma nova mentalidade”.

“Não devemos simplesmente dedicar todos os nossos esforços para voltarmos à ‘velha normalidade’, mas aproveitar esta crise para realizar uma mudança radical para melhor”, apela o organismo episcopal.

Os bispos católicos saúdam a resposta oferecida na União Europeia, com “renovada determinação”, e esperam que o instrumento para a recuperação da Covid-19 e o orçamento reforçado da União Europeia para 2021-2027, acordados na reunião do Conselho Europeu de julho, “possam refletir este espírito”.

Os responsáveis deixam uma “mensagem de esperança e um apelo à solidariedade”, reafirmando o compromisso na “construção da Europa” e nos seus valores fundadores de “solidariedade, liberdade, inviolabilidade da dignidade humana, democracia, estado de direito, igualdade, e defesa e promoção dos direitos humanos”.

A COMECE aponta a uma “fraternidade universal que não deixe ninguém de fora”, pedindo atenção particular para as pessoas mais necessitadas.

“Este momento obriga-nos a repensar e a reestruturar o atual modelo de globalização, a fim de garantir o respeito pelo ambiente, a abertura à vida, a atenção à família, a igualdade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das gerações futuras”, indica a mensagem.

Os bispos apelam ainda a um reforço da ajuda humanitária e cooperação para o desenvolvimento, com “reorientação das despesas militares para os serviços de saúde e sociais”.

Os responsáveis esperam que o Pacto Europeu sobre migração e asilo apresentado pela Comissão Europeia possa ajudar a estabelecer uma “política europeia comum e justa em matéria de migração e asilo”.

“A solidariedade europeia deveria alargar-se urgentemente aos refugiados que vivem em condições desumanas nos campos de acolhimento e são seriamente ameaçados pelo vírus. Solidariedade para com os refugiados não significa apenas financiamento, mas também abertura das fronteiras da União Europeia de forma proporcional, por parte de cada Estado-Membro”, acrescenta a COMECE.

A Europa não pode e não deve virar as costas àqueles que provêm de zonas de guerra ou de lugares onde sofrem discriminações ou não podem levar uma vida digna”.

A mensagem recorda todos os que tiveram de passar por “grandes sacrifícios” durante esta crise pandémica, manifestando a solidariedade da Igreja Católica para “todas as iniciativas que promovam os verdadeiros valores da Europa”.

OC

 

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