Covid-19: «A vida não será como foi até aqui» – Cardeal D. António Marto

Vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa convida católicos a participar em momento nacional de oração a que preside em Fátima, esta quarta-feira

Leiria, 24 mar 2020 (Ecclesia) – O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. António Marto, convidou os católicos a participar no momento nacional de oração a que vai presidir esta quarta-feira, em Fátima, face à pandemia do Covid-19, falando num tempo de grande “responsabilidade”.

“O momento é ainda de incerteza. Nem os responsáveis políticos a nível mundial sabem o que vai acontecer. Sabe-se é que a vida não será como foi até aqui”, disse o cardeal português, bispo de Leiria-Fátima, em entrevista publicada hoje pela Renascença.

O responsável vai presidir esta quarta-feira, a partir das 18h30, a um momento de oração com a Consagração de Portugal e Espanha ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, evocando todas as pessoas afetadas pelo Covid-19.

“Faço este apelo para que todos possamos sentir a força desta oração, que nos ajuda a tomar consciência da nossa própria responsabilidade e a enfrentar as adversidades num espírito de amor solidário”, disse o cardeal.

Segundo o vice-presidente da CEP, esta iniciativa partiu dos próprios católicos, que se mobilizaram num abaixo-assinado entregue ao cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, que preside ao organismo episcopal.

“Todos os bispos foram consultados sobre a oportunidade da iniciativa, e todos concordaram com a renovação da Consagração”, explica D. António Marto.

O bispo de Leiria-Fátima sublinha que a iniciativa de oração, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, vai acontecer num dia litúrgico “muito significativo”, a solenidade da Anunciação, que evoca “o mistério da Encarnação, do Filho de Deus que se fez Homem, e assumiu os limites e as dores da humanidade, sempre acompanhado pela sua Mãe, Maria”.

No Vaticano, o Papa convocou também para esta quarta-feira um momento ecuménico de oração, com a recitação do Pai-Nosso, ao meio-dia.

“Isso deu ainda mais sentido à nossa iniciativa em Portugal”, considera D. António Marto.

Isto é típico da nossa fé cristã, fazer tudo o que está ao nosso alcance, e ao mesmo tempo confiar na ação de Deus em nós, e através de nós. Esse é o sentido da Consagração: confiarmo-nos a nós mesmos, e confiar as nossas dores a Jesus e a Maria, nossa Mãe”.

O bispo de Leiria-Fátima convida todos os católicos a associarem-se a este momento de oração, participando através dos meios de comunicação social, “não como quem assiste passivamente, mas como quem participa espiritualmente, num lugar da própria casa, numa atitude de recolhimento, de oração”.

O responsável católico sublinha que as restrições às celebrações comunitárias se vão prolongar nas próximas semanas, sublinhando que o próprio Vaticano deu instruções nesse sentido.

“Deus chama-nos a viver a Páscoa em casa, em família, o que não quer dizer deixar de viver a Páscoa”, observa.

Sobre a suspensão comunitária das Missas, determinada pela CEP a 13 de março, antes da declaração do estado de emergência, o cardeal fala numa decisão “difícil” e “dolorosa”, tomada “com a consciência da responsabilidade” que cabia à Igreja Católica e como “um sinal para toda a sociedade”.

Esta é uma oportunidade, de facto, para a Igreja poder servir-se dos novos meios de comunicação, nesta ocasião concreta e depois em relação ao futuro. Em primeiro lugar estão a ser usados como meio de exprimir a proximidade espiritual da Igreja com o seu povo, para que não se sinta abandonado, e não pense que por acabarem as celebrações comunitárias acabou a oração e o culto”.

D. António Marto diz que este é um momento de “revisão de vida, em ordem a uma purificação, a uma renovação também do ponto de vista cristão, um momento de oração mais intensa”.

“Este é o momento de chamar todos à responsabilidade, de cada um por todos e de todos por cada um, de levarmos a sério as medidas das autoridades que nos são recomendadas e impostas, e aceitá-las como um ato de responsabilidade e solidariedade”, acrescenta.

O vice-presidente da CEP espera que sejam tomadas, desde já, “medidas para evitar o desemprego”.

OC

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