«Conversas do Silêncio»: O lugar do silêncio e da escrita no luto (c/vídeo)

Psicoterapeuta Márcia Cunha aborda trabalho realizado no grupo «Amparo», em Portimão

 

Lisboa, 13 nov 2020 (Ecclesia) – A psicoterapeuta Márcia Cunha, que coordena o grupo de acompanhamento do luto “Amparo”, na paróquia de Portimão, Diocese do Algarve, disse à Agência ECCLESIA que o silêncio e a escrita podem ser estratégias para lidar com as perdas.

“No luto, num luto de perda de alguém querido, a escrita, tentar pôr em papel o que gostaríamos de dizer àquela pessoa, o que não tivemos tempo de dizer, o que gostava de dizer sobre a minha vida, é muito bom”, refere a especialista.

A entrevistada assinala que, nas várias reuniões, há pessoas que preferem ficar em silêncio e outras que precisam de falar.

“As pessoas em luto, quando nos aproximamos de datas específicas – como o Natal, por exemplo, aniversários das pessoas que faleceram -, essas são datas que intensificam a dor. Intensificam a saudade”, observa.

“Geralmente, nesses momentos, as pessoas andam um pouco mais silenciosas”, prossegue Márcia Cunha.

A psicoterapeuta propõe, por exemplo, exercícios de silêncio, com uma vela, para ajudar à concentração e ao relaxamento.

“A pessoa não tem de nos dizer absolutamente nada, a nós, ela tem de dizer para ela própria”, aponta.

Márcia Cunha aconselha as pessoas a escrever, a colocar os sentimentos no papel, algo que “ajuda muito”.

“Escrever sobre aquilo que perderam, meter cá para fora aquilo que estão a sentir”, declara.

A especialista sublinha que a pandemia é uma fase de “muitas perdas”, pessoal e coletivamente, que leva a “uma grande transformação”.

O afastamento, observa a psicoterapeuta, agrava a situação de pessoas que estavam em situações mais frágeis ou num processo de “doença mental”, a que muitas vezes “não se dava o devido valor”.

“Agora temos de estar ainda mais atentos”, adverte.

No mês de novembro a Agência ECCLESIA apresenta as ‘Conversas do Silêncio’, publicadas online pelas 17h00 e emitidas no programa Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45, de segunda a sexta-feira.

SN/OC

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