Património: Igreja Católica publicou o primeiro manual com indicações práticas para a conservação dos bens culturais

Livro do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja é «rigoroso e acessível» e quer chegar a todas as comunidades

Bens Culturais da Igreja católica

Lisboa, 13 nov 2020 (Ecclesia) – A Igreja Católica apresentou hoje a publicação «Manual de Boas Práticas de Conservação Preventiva de Bens Culturais da Igreja», um livro “acessível e rigoroso”, destinado ao cuidado preventivo do património em todas as paróquias.

“Não se trata de um livro para especialistas, mas para todos os que de forma próxima cuidam do património em todas as comunidades”, disse à Agência ECCLESIA, Sandra Costa Saldanha, diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja Católica.

O maior desafio prendia-se, explica a responsável, com a capacidade de o tornar precisamente acessível a todos mantendo o rigor.

Sandra Costa Saldanha reconhece “muita bibliografia” disponível no mercado sobre “conservação preventiva” mas, indica, o património da Igreja católica “não é igual aos objetos que encontramos em museus”.

“O património da Igreja não é musealizado, ele não se restringe à uma função apreciativa. Continua a ser utilizado e manuseado. Há cálices, por exemplo, que são simultaneamente apreciados e utilizados em celebrações. Deve haver, portanto, uma articulação litúrgica do património, daí os cuidados diferenciados que se devem ter”, sustenta.

No «Manual de Boas Práticas de Conservação Preventiva de Bens Culturais da Igreja» encontram-se “indicações, muito precisas, de como, por exemplo, armazenar uma peça de ourivesaria, tratar um retábulo, fazer um conservação numa pintura e escultura”, exemplifica.

A publicação apresenta também “factores de risco” a ter em conta na preservação, que são “facilmente identificáveis”, sugerindo “maneiras de os controlar”.

“Tal como em nossa casa temos cuidado com as correntes de ar, cuidado com a exposição de peças de roupa, o mesmo cuidado e preocupação devem existir no património da Igreja”, indica.

O Manual procura ainda explicitar “de forma mais completa possível”, todas a áreas do património, “móvel, imóvel e integrado”, cobrindo uma “vastidão de tipologias e matérias” com a indicação dos cuidados que devem ser alvo.

Sandra Costa Saldanha sublinha o envolvimento das comunidades e indica este trabalho como resultado das “ações de formação de conservação preventiva” que o Secretariado foi desenvolvendo junto das dioceses, como também fruto das “necessidades concretas das paróquias”.

“Passamos a ter, fruto de uma solicitação que era feita, um manual escrito sobre todos os conteúdos que foram transmitidos a todos os participantes”, recorda.

Na apresentação que abre o livro, escreve D. Pio Alves sobre a “imensa tarefa” de preservação do património, trabalho coordenado a nível nacional pelo Departamento dos Bens Culturais da Igreja católica, mas que deve ser “consolidado nas dioceses, com os seus respetivos serviços – paróquia a paróquia, instituição a instituição”.

“Para que o trabalho tenha consistência e possam somar-se os esforços de todos, é necessário continuar a apostar na sensibilização e na formação”, escreve o vogal da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.

O responsável indica que a publicação, “um sonho de anos”, é agora um “objeto de estudo pessoal, de referencial para a formação de coletivos”, um “dicionário de consulta rápida”.

Sandra Costa Saldanha afirma que a conservação preventiva é “muito importante e está ao alcance de todos”, agora mais simplificado com “medidas práticas e simples”.

“O património da Igreja é uma ponte e diálogo, e o seu ponto de partida é a dignidade das peças. A conservação preventiva é uma valorização de um património que tem uma missão litúrgica e deve ser, por isso, estimado e cuidado com carinho”, sublinha.

O «Manual de Boas Práticas de Conservação Preventiva de Bens Culturais da Igreja» vai estar disponível através da loja online dos Bens Culturais e nos próximos dias será distribuído nas dioceses e, “divulgado da forma mais intensa possível, nas paróquias”.

LS

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