«Conversas Além-fronteiras»: Defender a vida na Guiné-Bissau (c/vídeo)

Irmã Bernardeta Sika, da Congregação de São José Cluny, enfermeira que «deixou a vaidade» para ser consagrada

Lisboa, 16 out 2020 (Ecclesia) – A irmã Bernardeta Sika, da Congregação de São José Cluny, esteve em missão 16 anos na Guiné-Bissau, e contou à Agência ECCLESIA como deixou a “vaidade para se consagrar” e fazer da defesa da vida a regra do seu quotidiano.

“Formei líderes e senhoras para poder lançar a obras nas aldeias porque lá, tradicionalmente, a senhora é obrigada a não avançar com a gravidez de gémeos ou teria de falecer uma para ficar só uma criança, por causa do controle da natalidade, eu seguia essa gravidez até ao parto e depois um deles ficava com ele até aos seis anos e depois poderia ser adotado”, revelou. 

A consagrada fala de muitas crianças que ajudou a nascer, “sendo uma grande alegria”, sejam gémeos ou crianças com deficiência, “mulheres grávidas que sofriam desprezo” naquele país, incluindo a zona norte onde esteve.

“Tomei como prioridade cuidar da grávida, crianças desnutridas e orfãs e gémeos”, afirma. 

A irmã Bernardeta Sika, enfermeira de formação, passou por várias maternidades em Angola, seu país natal, até que foi enviada para a Guiné Bissau para fundar uma comunidade da congregação.

“Foi uma responsabilidade muito grande e a adaptação foi difícil, pela cultura em si e pelo calor, que é mais do que em Angola; foi uma vida de peripécias e difícil, ainda ajudei a construir mais um centro de saúde para educar e formar parteiras tradicionais, para que as mulheres não estejam a morrer na hora do parto, assim elas chegam e fazem o que podem levando depois para o hospital”, explica. 

Quando fazia os seus estudos Bernardeta Sika sonhava ajudar “aqueles que sofriam mais” pois a sua “família tinha sido muito sofredora” e um dia pensou ser religiosa, “como as missionárias que ajudam em Angola”. 

“Fui ter com a madre e disse que queria ser religiosa mas ela disse-me que eu era muito vaidosa… Mas passado um tempo perguntava a minha decisão novamente e eu pedi que me mandassem para um sítio para ajudar os meus irmãos e onde não me pudessem agradecer”, recorda. 

Depois da missão da Guiné a religiosa teve uma breve passagem por Angola, onde pensou ficar, mas em 2011 foi convidada para vir para Portugal.

“Vim para uma missão em Portugal para cuidar das irmãs mais idosas e doentes, ainda dou pastoral catequética e litúrgica, visito os doentes e dou uma ajuda na enfermagem em coordenação com o centro de saúde, vim num espirito  de disponibilidade e obediência”, assume.

A irmã Bernardeta Sika confessou ainda que vale a pena a missão “dar vida para que o outro tenha vida em missão”. 

No mês de outubro missionário, assim designado pela Igreja Católica, a Agência ECCLESIA apresenta as «Conversas Além-fronteiras», que trazem a missão desenvolvida em diferentes pontos do mundo; serão transmitidas e publicadas online, às 17h00, e no programa Ecclesia, na rádio Antena 1, pelas 22h45.

SN

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