Conhecer melhor a Doutrina Social da Igreja

No Porto, congresso aborda vários pontos do Catecismo Social da Igreja Católica O bispo do Porto convocou os diocesanos para um Congresso sobre Doutrina Social da Igreja e estes responderam afirmativamente ao apelo e levarão a efeito um congresso sobre esta temática de 9 a 11 de Junho, na Casa do Vilar, naquela cidade. O programa contempla vários pontos do Catecismo Social da Igreja Católica, da Família à Ecologia, da solidariedade ao modelo social europeu. A conferência inicial analisa o que é hoje a Doutrina Social da Igreja. Essa conferência será proferida pelo Pe. Jean-Yves Calvez, um especialistas nesta matéria. Foi também preocupação dar algum espaço a nomes que no passado trabalharam para divulgar o pensamento social da Igreja e para fundar instituições e práticas nela inspiradas, tais como Visconde de Samodães, o Padre Abel Varzim, D. António Ferreira Gomes e o Cónego Narciso Rodrigues. Programa Dia 9 de Junho – 11h – acolhimento aos congressistas e distribuição da documentação. A sessão de abertura terá lugar às 14h30, sendo presidida por D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto. Presente estará a Comissão Executiva, composta por Arnaldo de Pinho (UCP – Porto), João Lopes Porto (UP), Alberto de Castro (Presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz e UCP – Porto), Pe. António Augusto Azevedo, Adão Moreira, Manuela Vieira e Maria da Graça Borges. Seguir-se-á a conferência inaugural O que é Hoje a Doutrina Social da Igreja, por Jean-Yves Calvez, S.J., especialista em Doutrina Social da Igreja, no Centro Sèvres – Paris. – 16h – Rita Lobo Xavier, da Escola de Direito da UCP – Porto, apresentará a Identidade da Família no Mundo Contemporâneo. – 17h15 – decorrerão duas sessões paralelas: a primeira sessão com o tema Família, Protagonista da Vida Social, analisando a Família e Trabalho, por Maria Teresa Ribeiro (Instituto das Ciências da Família da UCP), Responsabilidades Parentais e Dignidade e Direitos das Crianças, por Clara Sottomayor (Escola de Direito da UCP – Porto), e Famílias, Sujeitos de Acção Política, por Ramos Ascensão (Faculdade de Direito da UL). A segunda sessão paralela terá como tema a Família e Solidariedades, com intervenções sobre Família, Destinatária de Políticas Familiares, por Maria do Rosário Carneiro (Faculdade de Ciências Humanas de Lisboa da UCP), Família, Objecto da Solidariedade Social, por Maria João Tomé (Escola de Direito da UCP – Porto), e Família, Inclusão e Coesão, por Teresa Morgado. No final de cada sessão paralela haverá tempo de debate. As actividades deste dia terminarão com um Concerto na Igreja do Santíssimo Sacramento pelo coro “Vozes Celestes” da Fundação AIS. Dia 10 de Junho – 9h – José Madureira Pinto (Faculdade de Economia da UP e Instituto de Sociologia da FLUP) abordará o tema «Transformações do Trabalho nas Sociedades Contemporâneas: riscos, custos sociais, oportunidades». – 10h15 iniciar-se-ão as duas sessões paralelas deste dia. Ambas terão como tema Práticas Laborais e Desafios de Transformação (I e II). Na sessão I, Luísa Veloso (Faculdade de Letras da UP) falará sobre As Práticas empresariais socialmente sustentadas no combate à Precaridade do emprego algumas pistas de reflexão; Serafim Vieira dará um Testemunho sobre o Cónego Narciso Rodrigues. Na sessão II, Sofia Cruz (Faculdade de Letras da UP) apresentará Precaridade laboral e relações de trabalho: o caso da grande distribuição; João Gomes (Fórum Abel Varzim) dará um Testemunho sobre o Padre Abel Varzim. Seguir-se-á um tempo de debate. – 12h, em sessão plenária, Alberto de Castro (Faculdade de Economia e Gestão da UCP – Porto) falará sobre Uma Economia sem Norte?. 14h30 terão lugar mais duas sessões paralelas. Uma será dedicada à Economia e Doutrina Social – Referências Históricas, com os temas Nas Origens da Doutrina Social da Igreja, por António Almodovar (Faculdade de Economia da UP); Testemunho sobre D. António Ferreira Gomes, por Arnaldo de Pinho (UCP – Porto); e Testemunho sobre o Conde de Samodães, por Eduardo Gonçalves (ISMAI). A outra sessão intitula-se Economia e Doutrina Social – Áreas de Intervenção. O tema será explanado em O Mundo Rural e a Doutrina Social da Igreja, por Américo Mendes (Faculdade de Economia e Gestão da UCP – Porto); O Papel das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), por Lino Maia (Presidente da Confederação Nacional da União das IPSS); Testemunho sobre “Economia de Comunhão”, por António José Faria Lopes (Empresário). – 16h15, nova sessão plenária, abordando Ambiente e Sustentabilidade, por Eduardo Oliveira Fernandes (Faculdade de Engenharia da UP). – 17h30, as duas últimas sessões paralelas do dia. O primeiro tema (Sustentabilidade Ambiental) comporta reflexões sobre Ética e Sustentabilidade Ambiental, por Viriato Soromenho Marques (Faculdade de Letras da UL); e Desenvolvimento Sustentável, por Eugénio Sequeira (Instituto Superior de Agronomia). O segundo tema (Sustentabilidade Social) abordará Saúde Ambiental, por José Pereira Miguel (Alto Comissário da Saúde); e Desenvolvimento Humano, por Manuela Silva (Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz). Dia 11 de Junho – 9h30, com uma comunicação de Paulo Rangel (Escola de Direito do Porto da UCP e Deputado) sobre Como Ordenar a Comunidade Política (à luz da Doutrina Social da Igreja) em pleno Processo de Enfraquecimento do Estado? – 10h45, mais duas sessões paralelas: a primeira abordará os temas Estado e Doutrina Social da Igreja – Aspectos Doutrinais, com intervenções de Paula Ribeiro de Faria (Escola de Direito do Porto da UCP) sobre O Poder de Punir e a Consciência na Doutrina Social da Igreja; e Marta Portocarrero (Escola de Direito do Porto da UCP) sobre O Princípio da Subsidiaridade na Doutrina Social da Igreja. No segundo painel, intervêm: Rodrigo Adão da Fonseca (Instituto de Estudos Políticos da UCP – Lisboa) sobre Pensamento Liberal e Neo-liberal e Doutrina Social da Igreja; e Daniel Brás Marques (Advogado) sobre Doutrina Social da Igreja e Regime Democrático. – 14h30, Carlos Costa (Administrador da Caixa Geral de Depósitos) falará em sessão plenária sobre União Europeia: As questões institucionais. Às 15h45, Arlindo Cunha (Faculdade de Economia e Gestão da UCP – Porto e ex-deputado europeu) abordará A Encruzilhada Europeia e o Futuro do Modelo Social Europeu. O encerramento do Congresso será presidido pelo Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho e pela Comissão Científica. – 17h, o Prelado Diocesano presidirá à Eucaristia que concluirá o Congresso Diocesano de Doutrina Social da Igreja. Doutrina Social da Igreja: manifesto para um novo humanismo No sentido de contextualizar de forma mais adequada o Congresso, Voz Portucalense ouviu Arnaldo Pinho, Presidente da sua Comissão Científica e da Comissão Executiva. – Porquê nesta altura um Congresso sobre doutrina social da Igreja? O Congresso foi convocado pelo Bispo da Diocese em 8 de Dezembro de 2005, tendo em conta “a necessidade da formação na Doutrina Social da Igreja”. A oportunidade da realização foi fornecida pela publicação do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, da responsabilidade do Conselho Pontifício Justiça e Paz, em 2004 e traduzido em português em finais de 2005. – Qual a importância deste documento? O Secretário do Conselho Pontifício Justiça e Paz resumiu muito bem a importância deste documento ao afirmar que “a doutrina social está definitivamente dentro da missão da Igreja”. Do estar, a estar na prática, vai um passo. E este passo que há que ir começando a dar, criando nos cristãos a consciência de que a Igreja não tem apenas liturgia e oração, mas também uma doutrina social. – Como se perdeu na Igreja essa doutrina social? A consciência da doutrina social da Igreja foi muito viva no século XIX. A Rerum Novarum suscitou um autêntico entusiasmo entre os crentes e os homens de boa vontade. No século XX, os movimentos operários e a Acção Católica em geral deram um grande impulso ao conhecimento e à transformação, inspirados na doutrina social da Igreja. Este impulso perdeu-se pelo abrandamento do movimento operário e da Militância católica e também pelo individualismo eclesial que se seguiu ao Concílio. – Prevê que haja uma redescoberta da doutrina social da Igreja? Isso depende de nós. Creio que podemos definir o compêndio de Doutrina social da Igreja como um manifesto para um novo humanismo. Mas esse humanismo há que construí-lo. A redescoberta da Doutrina social da Igreja pode contribuir para isso. – Como está a ser feita a divulgação do Congresso? Está a ser feita pelo contacto directo com os movimentos e vigararias da Diocese, pela informação directa e pelo atendimento, em Vilar, todas as tardes, através duma permanência assegurada pela Dr.ª Paula Walker. Gostaríamos que cada paróquia se inscrevesse com um a cinco elementos e que os movimentos, responsáveis, membros das Misericórdias, etc., se inscrevessem também. – Pode-se ser cristão, sem formação nesta área? A doutrina social é, como aparece no Compêndio, a visão cristã dos problemas da família, do trabalho, da ecologia, da economia, etc. Sem esta visão, o Cristianismo não é um humanismo. – Qual a metodologia do Congresso? O Congresso tratará o Compêndio, capítulo a capítulo, num confronto entre a doutrina social e a nossa realidade. Assim a conferência sobre a economia abrirá com uma conferência intitulada Uma economia sem norte. Este título significa não apenas a situação actual de desregulamentação da economia, mas também a situação económica, ao que parece frágil, do Norte do País. – E depois do Congresso? Esperamos tratar alguns temas, à escolha dos participantes em diversos locais, visando, em tempos curtos, uma divulgação da doutrina social da Igreja.

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