Comunicação: Jornal «Notícias de Gouveia» procura estagiários numa parceria com a Universidade Sénior

Iniciativa quer fomentar a literacia mediática entre os mais velhos, promover a coesão social e aproximar a população do jornal centenário

Gouveia, 07 fev 2022 (Ecclesia) – O jornal ‘Notícias de Gouveia’ lançou um concurso para receber estagiários entre a população sénior da cidade com o objetivo de promover a literacia mediática e aproximar a população da publicação, que assinala 108 anos.

“A literacia mediática não é um conteúdo ao alcance de todos. Isso é muito visível em pessoas com doutoramentos a partilhar barbaridades. Não se relaciona com escalão social ou faixa etária”, alerta à Agência ECCLESIA Liliana Carona, diretora do ‘Notícias de Gouveia’ (NG).

A iniciativa ‘O Estagiário – A experiência nunca envelhece, por uma questão de literacia mediática’ surgiu a partir de uma aproximação com a Universidade Sénior de Gouveia, que manifestou interesse em conhecer a publicação centenária.

“Gosta de escrever? Sonhava entrevistar alguém? Sempre teve aquele gosto pelo jornalismo, mas não teve oportunidade de experimentar? Sente que não sabe distinguir fake news? Os alunos e alunas da Universidade Sénior de Gouveia podem agora colaborar com o NG, num espaço fixo do jornal centenário, com vista à aprendizagem dos diversos géneros jornalísticos e por uma maior literacia mediática”, pode ler-se no anúncio que apresenta a iniciativa.

“A proposta é então colocá-los no papel de jornalistas e fotógrafos ,se puderem, com base na formação no campo da literacia mediática como também dos diversos géneros jornalísticos, ensiná-los e prepará-los para escrever um pequeno artigo”, explica.

A diretora da publicação fala que o esforço para promover a literacia mediática começou direcionada para alunos das escolas, procurando dar aos mais jovens acesso ao jornal de forma “gratuita e digital” mas também através de formações sobre “fake news” e os diferentes géneros jornalísticos.

Este ano a proposta é direcionada para os mais velhos e quer apostar também na coesão social.

“É inegável que estas regiões interiores estão cada vez mais esquecidas do Estado central. Há dois países e muitas assimetrias. Esta é uma iniciativa muito pequena mas que tenta diminuir as diferenças que existem”, valoriza.

Liliana Carona reconhece uma responsabilidade, em especial “de um jornal regional”, que não se pode limitar a “informar”.

Prova disso são as iniciativas que o NG habitualmente promove, juntando a população para caminhadas, entre outras atividades, que promovam o convívio e a aproximação entre todos.

“Mas há desafios: os recursos humanos com que os jornais se debatem. Gostaríamos até de fazer mais projetos com pessoas sénior, dar-lhes mais papel ativo, mas isso obriga a recursos e meios e portanto condiciona”, lamenta.

Liliana Carona valoriza o contacto com as pessoas mais velhas que demonstram curiosidade sobre a profissão mas pouca preparação para os fenómenos mediáticos e lamenta que culpar o jornalismo seja o caminho “mais fácil”.

“Nas faixas etárias mais velhas há muitos que não conseguem perceber a diferença nas notícias e questionar a sua veracidade. Pelos meus próprios pais percebo, e apelo aos filhos e netos, para não deixarem os avós de fora das novas tecnologias. São portas essenciais para se informarem e, quando o fazem, que o façam devidamente”, apela.

No dia 12 de fevereiro, data em que o NG completa 108 anos, a publicação começará a ter um espaço no jornal preenchido pelos estagiários da Universidade Sénior de Gouveia.

LS

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