Colégio de S. Miguel vence concurso nacional «Ciência na Escola»

A semente foi lançada e parece já ter começado a dar frutos. 12.500 euros foi o valor do 1º prémio do concurso nacional «Ciência na Escola» ganho pelo Colégio S. Miguel, de Fátima, através do projecto «Micologia – cogumelos e trufas». A entrega do prémio, pela primeira vez a uma escola privada, ocorreu no passado dia 19 numa cerimónia presidida pela Ministra da Educação, na sede da Fundação Ilídio Pinho no Porto, entidade que organizou o evento em associação com o Ministério da Educação e o Banco Espírito Santo. O prémio foi entregue em mão pela actual Ministra da Educação, Dra. Maria de Lurdes Rodrigues, ao coordenador do projecto, Dr. Álvaro Madureira, e apresentado na passada sexta-feira à comunicação social. Segundo Álvaro Madureira, o trabalho desenvolvido no Colégio pelo Clube de Ciência e com a colaboração de professores e alunos de diversas áreas disciplinares, e alguns pais, permitiu descobrir que a região de Fátima poderá ter, nos seus solos, uma espécies de cogumelos e trufas com elevado valor económico. “O projecto que nos propusemos desenvolver surgiu de uma situação problema que é o de, em Portugal, não conhecermos suficientemente a micologia, em particular os cogumelos e trufas (fungos). Por isso aproveitámos esta oportunidade de através do concurso de ideias «Ciência na Escola» realizarmos actividades experimentais, de investigação e estudo que gravitam em torno da micologia”. Este professor e coordenador do projecto lembra ainda que, desde o primeiro momento, os alunos mostraram-se muito motivados para este tipo de projecto e realça o carácter multidisciplinar do mesmo: “no projecto trabalharam professores de diversas áreas, desde português, desenho técnico, a química e informática, para além dos professores de ciência”. Outra particularidade do projecto foi o óptimo envolvimento dos pais, em particular na recolha de amostras, em trabalho de campo. Aliás, esta participação alargada a alunos, professores e pais, motivou já uma tese de mestrado sobre trabalho colaborativo, de Nuno Pedroso, um dos professores envolvidos no projecto. Impacto económico na região O estudo desenvolvido através deste projecto não é meramente científico, pois poderá ter um importante impacto na economia e aproveitamento empresarial na região. Segundo o coordenador do projecto, esta região apresenta características ao nível de tipo de solo, vegetação e clima que apontam para a existência de uma espécie de fungos – as trufas – que crescem debaixo da terra, cujo valor económico no mercado poderá variar entre os 1.000 e 4.800 euros por quilo. Este ultimo valor para o caso das trufas brancas, bastante raros, mas que poderão existir nesta região, uma vez que “tem características (solos calcários, PH abaixo do básico, vegetação e clima) similares às regiões de França e Itália onde existem e são cultivadas”. “Do ponto de vista económico esta região pode valorizar-se com este recurso natural que se desenvolve nesta região inóspita em simbiose com árvores como azinheiras e carvalhos”. Os trabalhos desenvolvidos ao longo de todo o ultimo ano escolar por alunos, pais e professores, e acompanhados pelas escolas envolventes, confirmaram a existência das condições apontadas. No entanto, “o passo seguinte é analisar a fauna e a flora da região, para ver até que ponto é viável o desenvolvimento de trufas brancas”. Para este trabalho será também necessário a utilização de «cães trufeiros» para a prospecção das trufas, que se desenvolvem numa profundidade entre os 10 e 20cm. Futuro promete valor acrescentado Para o Pe. Ventura, director do Colégio S. Miguel, “o prémio é sinal de responsabilidade para o futuro. À medida que se sobe queremos ir mais alto”, salienta. Por isso, para o futuro há já um projecto de fundo: investigação de solos e desenvolvimento do trabalho em equipa/comunidade educativa. “O projecto tem por objectivo melhorar a qualidade da escola e do ensino, pois foi isto que levou a que os alunos se envolvessem afincadamente”, revela Álvaro Madureira. Precisamente, o prémio de 12.500 euros recebido irá ser investido no desenvolvimento deste projecto, que contemplará quer “o intercâmbio com entidades de França e Itália que cultivam trufas”, quer “continuar a desenvolver trabalhos” através do Núcleo de Investigação e Desenvolvimento de Trufas e Cogumelos, “irradiando os conhecimentos produzidos pelos alunos nas investigações efectuadas”. O incentivo deste prémio provocou para já a vontade de ir mais longe, não só dinamizando a ciência na escola, com o envolvimento de alunos, professores e pais, mas “incrementando ainda um valor acrescentado às comunidades rurais da região, fornecendo-lhes novos dados sobre os recursos naturais existentes”, concluiu. Orlando Marques, O Mensageiro

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