Coaching: Valorizar a interioridade na sociedade contemporânea do ruído

João Delicado partilhou numa análise social, «aquilo em que mais acredita», o seu trabalho

Lisboa, 25 mai 2016 (Ecclesia) – João Delicado é formador em desenvolvimento pessoal, autor e professor e sua missão de ajudar o outro a encontrar-se, a fazer um itinerário pessoal, partiu do desafio de colocar a “criatividade ao serviço da vida”.

“É muito gratificante porque exige fazer o trabalho de caso. Eu próprio tive de fazer o meu itinerário pessoal, estou a fazer, para depois ajudar outros”, explica à Agência ECCLESIA, sobre um processo que beneficia da sua experiência para ajudar, passou “por algo semelhante”.

João Delicado faz coaching, ou seja, coloca “a criatividade ao serviço da vida” e ao serviço das pessoas que sentem necessidade de se descobrirem interiormente, algo que é cultural, que faz parte da forma com “a sociedade está estruturada”: “Tudo puxa muito por nós para fora e ninguém nos ensina a ir para dentro e precisamos de um equilíbrio entre o fora e o dentro.”

Para o coach existe uma “clara falta de vocabulário e gramática da interioridade” e é preciso “recuperar” coisas que já foram “mais conscientes na cultura” com uma linguagem adequada.

O entrevistado é da época dos diários pessoais e do papel, onde “registava as experiências” e as ia degustando, evoluiu como o tempo para a internet e, agora, as redes sociais onde é o autor do blogue ‘Ver Para Além do Olhar’, com 10 anos de existência.

Segundo João Delicado o nome – ‘Ver Para Além do Olhar’ – “faz todo o sentido” quando procura-se a profundidade, “a parte de dentro das coisas” e destaca que “uma coisa são as circunstâncias, outra é por dentro das circunstâncias”.

“Todos podemos chegar a uma análise objetiva da realidade, vemos a mesma realidade, ou mais ou menos, mas depois por dentro, cada um pode saboreá-la de maneira diferente. Isso é interioridade que não é só o momento a sós no nosso quarto, em retiro, mas tem a ver com a vida 24 horas por dia”; desenvolve o também escritor dos pensamentos da rubrica ‘Vale a pena pensar nisto’ da RFM.

O formador em desenvolvimento pessoal observa que a cultura e a educação na escola é “muito voltada para o fora, a eficiência, a produtividade, para ser o melhor” mas alerta que ninguém “ensina a ser melhor”, que é uma “diferença muito subtil”, embora existam instituições com projetos educativos que o ensinam.

Interessado há cerca de 15 anos pela interioridade, no seu caminho de descoberta tem quilómetros percorridos a pé, por exemplo, como a distância entre os Pirenéus e Santiago de Compostela, “talvez uma das mais extraordinárias” experiência da sua vida.

Foram 32 dias, cerca de 800 quilómetros, a “exercitar a confiança na providência de Deus” porque não levou dinheiro para a alimentação e decidiu “ir a pedir comida”.

“Eu acordava de manhã e não sabia se ia ter o que comer. Fez-me sofrer, fez-me passar fome, principalmente nas grandes cidades é especialmente difícil ter comida. Ao fim do dia acabava vivo, alimentado e com uma experiência riquíssima de contacto humano”, recorda.

Quando chegou a Santiago de Compostela sentiu “quase um anticlímax”, a síndrome do pós-caminho relacionado com a “interrupção de um processo que tinha durado uma série de dias”, mas os frutos apareceram meses depois, uma vez que a “confiança de fundo tinha mudado de forma notável”.

HM/CB

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