Cinema: Os Miseráveis

Numa França em transição entre a Primeira e a Segunda República, Jean Valjean termina a sentença cumprida em 20 penosos anos. Ao libertá-lo, Javert, o cioso defensor da lei que garantiu o cumprimento da pena de Valjean por roubar um pão para uma criança faminta, promete vigiá-lo para sempre.

Recusado para trabalho, Valjean encontra finalmente num mosteiro e na caridade de um bispo, que o acolhe com incondicional misericórdia, a possibilidade de redenção.

Oito anos mais tarde, Valjean é um homem novo: abastado proprietário de uma fábrica de têxteis e presidente da câmara local, procura replicar a graça que lhe foi concedida a todos os que o rodeiam. Porém a inesperada visita de Javert, agora um prestável inspetor da polícia que não reconhece imediatamente o ex-prisioneiro, não lhe permite acudir à injustiça cometida a uma sua empregada: Fantine, mãe solteira de uma menina que entregou ao cuidado de terceiros, é despedida em resultado da inveja e da intriga de colegas.

Reencontrando-a mais tarde, doente e moribunda, Valjean resgata-a da miséria da prostituição, já não a tempo de salvar a sua vida mas de prometer salvar a da filha, Cosette.

Os anos passam, Valjean cumpriu o prometido, mas enquanto o povo de França luta incessantemente pelos valores da liberdade, igualdade e fraternidade, também este ex-condenado procura iludir a obsessão persecutória de Javert, por amor a Cosette e pela misericórdia para com o seu “inimigo”.

“Os Miseráveis”, obra do romancista, poeta e dramaturgo francês Vítor Hugo, notável fresco sobre a sociedade francesa da primeira metade do séc. XIX que reflete sobre a condição humana, conheceu inúmeras adaptações a música, teatro e cinema. De todas, as mais notáveis foram, no primeiro caso, a produção musical de Alain e Claude-Michel Schönberg (1980) que se converteria primeiro num espetáculo estreado em Paris e, posteriormente, adaptada a versão inglesa pela equipa de Cameron MacKintosh sendo até hoje um dos musicais “obrigatórios” do West End londrino.

No cinema, destaca-se a adaptação de Richard Boleslawski (1935), sucedendo-se agora a dirigida por Tom Hooper (“O Discurso do Rei”), num musical de envergadura que conta com grandes meios de produção. Nomeado para os Golden Globes na categoria de melhor musical/comédia, entre outras, e provavelmente um dos mais fortes candidatos aos Oscars, é particularmente reconhecida a qualidade das interpretações de Hugh Jackman (ator principal) e Anne Hathaway (atriz secundária), além das composições musicais originais de Alain Boublil, Herbert Kretzmer e Claude-Michel Schönberg.

Margarida Ataíde

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