Cardeal diz que carta escrita pelo Papa em 2007 continua à espera de resposta do regime chinês
Cidade do Vaticano, 26 out 2012 (Ecclesia) – A Santa Sé quer reforçar o diálogo com a China, criando uma “comissão permanente” para esse fim, e espera que o regime de Pequim responda à carta enviada por Bento XVI há cinco anos ao país asiático.
A posição, hoje divulgada pelo portal de notícias do Vaticano, é assumida pelo cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, o organismo do governo central da Igreja que acompanha os católicos chineses.
Segundo este responsável, a missiva do atual Papa, com data de 27 de maio de 2007, continua “válida”, em particular no que diz respeito ao seu pedido de um “diálogo respeitoso e construtivo”.
“Este documento espera uma resposta”, destacou o cardeal italiano.
Num artigo publicado no site do trimestral ‘Tripod’, na Diocese de Hong Kong, D. Fernando Filoni diz que o diálogo poderia ser reiniciado através a criação de uma ‘comissão bilateral permanente de alto nível’ entre a China e a Santa Sé,
“Qualquer tentativa de favorecer a reconciliação eclesial no caso chinês, implica, necessariamente, a necessidade de diálogo entre Santa Sé e os poderes civis chineses”, precisa o cardeal.
O prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos denuncia a prisão do bispo Mateus Ma Daquin, punido por ter manifestado a intenção de abandonar os cargos que lhe tinham sido confiados pelo Governo para “dedicar-se plenamente ao trabalho pastoral”.
Na carta de 2007, o Papa referiu que alguns bispos, “não querendo estar sujeitos a um controlo indevido, exercido sobre a vida da Igreja, e desejosos de manter a sua plena fidelidade ao Sucessor de Pedro e à doutrina católica, viram-se obrigados a receber a consagração clandestinamente”.
O regime de Pequim criou em 1957 a Associação Patriótica Católica (APC) para evitar interferências estrangeiras, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado.
O Vaticano considera ‘ilegítimos’ os bispos que receberam jurisdição da APC, sem autorização do Papa.
OC