«Não sei se é justo e adequado ao tempo presente, deixarmos os nossos bispos a falarem sozinhos sobre a crise», refere Joaquim Azevedo, um dos coordenadores da Semana Social 2012
Porto, 07 nov 2012 (Ecclesia) – Altos responsáveis pela ação social da Igreja Católica em Portugal, entre leigos, padres e bispos, reúnem-se de 23 a 25 de novembro no Porto para debater políticas que favoreçam a ajuda aos mais desfavorecidos.
“Que rumos tem a sociedade portuguesa de seguir para crescer em solidariedade e em respeito pela dignidade da pessoa humana?”, questiona um dos coordenadores da Semana Social, Joaquim Azevedo, em texto enviado à Agência ECCLESIA.
O tema da iniciativa, ‘Estado Social e Sociedade Solidária’, “foi escolhido há mais de um ano e não vem a reboque de nenhum apelo à ‘refundação’ do Estado e da sociedade”, sublinha o diretor do Centro Regional do Porto da Universidade Católica, referindo-se a declarações recentes do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
“Até onde vai a nossa cegueira ideológica, que nos impede de ouvir os apelos dos outros, sobretudo dos que mais sofrem, e da realidade?”, interroga.
A “dimensão nacional” da iniciativa e a presença de responsáveis pertencentes a movimentos e obras comprometidas com as questões sociais constituem “a oportunidade de a Igreja dizer em que é que funda, aqui e agora, a sua esperança em dias diferentes e melhores, com mais justiça, dignidade e liberdade”, assinala.
“Temos de fazer desta Jornada de reflexão o momento para tomarmos a palavra e dizermos: em que é que já não acreditamos, que caminhos têm de ser abandonados, o que é que nos mobiliza hoje no nosso quotidiano, nos mais variados campos da ação social e política”, acrescenta.
Depois de realçar que a Igreja deve estar “junto dos mais aflitos, para lhes dar mais poder para serem pessoas autónomas e livres”, o professor catedrático analisa o envolvimento dos leigos e clero católicos nas dificuldades económicas e sociais.
“Não sei se é justo e adequado ao tempo presente, deixarmos os nossos bispos a falarem sozinhos sobre a crise que Portugal e a Europa vivem e sobre os modos de a ultrapassarmos”, refere.
O também diretor do Secretariado da Pastoral da Cultura da Diocese do Porto sustenta que são os “cristãos comprometidos” na sociedade que têm “tomar a palavra”, dado que o tempo presente “não é nada propício a “meias tintas”.
A Semana Social, que mantém as inscrições abertas, é um encontro da Conferência Episcopal Portuguesa que se realiza de três em três anos.
RJM