Cardeal Saraiva Martins comenta o milagre de S. Nuno

O cardeal Saraiva Martins defendeu hoje (26 de Abril) a veracidade do milagre que sustenta o processo de canonização de S. Nuno Álvares Pereira. “É possível provar o milagre e foi provado”, disse à Agência Lusa o cardeal, que já presidiu à Congregação da Causa dos Santos, organismo do Vaticano que avalia este tipo de processos, nos quais é obrigatório um milagre que comprove, para a Igreja, a intercessão divina dessa figura numa cura. Depois de se avaliar as virtudes pessoais do candidato a santo, cada processo é enviado para análise a uma equipa de médicos e o caso de Nuno Álvares, “no campo da medicina actual”, não teve qualquer explicação científica, sustentou D. Saraiva Martins. Para sustentar o processo de canonização, os promotores desta causa optaram pela cura da córnea do olho de uma idosa de Ourém, que se feriu quando fritava peixe. Os ferimentos foram confirmados por médicos do Centro de Saúde local e do Hospital de Leiria. A idosa ter-se-á ferido com óleo a ferver, ficando cega de um olho. A ferida deveria demorar um ano a sarar – com medicação mais forte e possivelmente uma intervenção cirúrgica, segundos os promotores da canonização – mas apenas três meses depois a idosa voltou a ver depois de ter iniciado uma novena em honra do Beato Nuno. “A fé não tem nada que ver com o milagre”, sustentou o cardeal Saraiva Martins, recordando que o processo foi inicialmente instruído no Patriarcado de Lisboa e também aí contou com pareceres de médicos. No entanto, no sábado, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, disse que os médicos portugueses não tomaram nenhuma posição final sobre a natureza miraculosa deste caso, pelo que a posição dos peritos italianos foi decisiva. “No processo diocesano, não houve nenhuma interferência para influenciar os resultados”, disse D. José Policarpo, reconhecendo que o “milagre é sempre uma peça delicada”. “No final, o estudo foi exímio e não exclui o milagre como não excluiu a cura por causa natural pelos medicamento a que foi sujeita” e “foi isso que veio no nosso processo para Roma”, mas aqui a “Santa Sé sujeitou [o caso] a outros peritos que consulta habitualmente que acabaram por confirmar o milagre”, explicou o cardeal de Lisboa. Mas segundo D. Saraiva Martins, em Roma, os “médicos que examinaram a úlcera da córnea do olho esquerdo chegaram à conclusão de que [a cura] não tem nenhuma explicação” natural ou científica. Depois, perante a Igreja, “uma cura que não seja explicável, tem de ser completa, instantânea, completa e duradoura” e, neste caso, “não há nenhuma duvida, o parecer dos médicos foi muito claro”, salientou. Por isso, “quem duvida disto é gente muito superficial”, respondeu assim D. Saraiva Martins, que minimizou a circunstância de o Papa, na sua homilia, ter apenas referido os feitos militares de Nuno Álvares e a sua generosidade e apoio aos pobres na saudação final. Na sua opinião, o “Papa sublinhou com muita força e muito vigor a santidade” do Condestável, que “é um grande herói nacional e lutou pelo progresso do país, mas para a Igreja não interessa a arte militar”. Com LUSA

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