Capelanias Hospitalares: Responsável nacional destaca importância da «escuta» no «acompanhamento pastoral na fragilidade» (c/vídeo)

«Para escutar tenho de estar disponível de ir ao encontro com o doente», refere o padre Fernando Sampaio

Foto: RR

Lisboa, 20 jul 2020 (Ecclesia) – O coordenador nacional das Capelanias Hospitalares, padre Fernando Sampaio, disse à Agência ECCLESIA que o acompanhamento de doentes e profissionais de saúde começa pela disponibilidade de escuta e “presença humana”.

“A escuta é o principal fator, mas para escutar tenho de estar disponível de ir ao encontro com o doente, de ir ao encontro daquilo que ele diz, daquilo que são os sentimentos, daquilo que são as necessidades, daquilo que são as suas emoções”, assinalou o sacerdote, a respeito da publicação do livro ‘Acompanhamento Pastoral na Fragilidade’, do Secretariado Nacional de Liturgia.

O responsável católico, capelão hospitalar há mais de 30 anos, explica que a relação de ajuda “é um modo terapêutico”, um modo que vem da Psicologia e que “ensina e ajuda e dá técnicas” para essa escuta e nessa escuta o que é pedido é “estar com o doente, dar disponibilidade ao doente”.

“Não tenho nada que acrescentar aquilo que eu penso, aquilo que eu sinto, aquilo que eu sou”, realça o capelão do Hospital de Santa Maria, explicando que a disponibilidade “emocionalmente”, realiza-se “a nível de tempo e a nível físico”, que “exige” de quem faz esse acompanhamento pôr de parte “as preocupações” pessoais, “esquecer o relógio, inclusivamente as dificuldades interiores”.

O coordenador nacional das Capelanias Hospitalares explica que existem técnicas, como da reiteração, técnica da iluminação, da “devolução do próprio sentimento”, que “ajudam” quem acompanha os doentes, as pessoas em condição de fragilidade, a “estar nesta disponibilidade para que ele se sinta compreendido, amado, escutado”.

Numa situação de luto, o padre Fernando Sampaio destaca também a importância do “acolhimento, a compaixão”, “da atitude empática” que vão ajudar as pessoas “a deitar fora a sua zanga, a sua raiva”, uma “disponibilidade extrema para que o outro possa dizer tudo” e quem ouve possa acolher com significado e “dando significados novos”.

O Secretariado Nacional de Liturgia, com as Capelanias Hospitalares em Portugal, lançou este mês o livro ‘Acompanhamento pastoral na fragilidade’, que reúne subsídios litúrgicos, pastorais e espirituais para os assistentes católicos nos hospitais e unidades de saúde.

O padre Fernando Sampaio, que organizou a nova publicação, explicou que na “peregrinação quotidiana” pelos doentes, pelas enfermarias, pelos corredores dos hospitais, muitas vezes, sentem “a dificuldade de ter um instrumento que ajude sobretudo em determinados momentos do acompanhamento do doente” por que esses subsídios “estão muito dispersos por diferentes livros”.

‘Acompanhamento pastoral na fragilidade’ começa por indicar orações para variados momentos e coordenador nacional das Capelanias Hospitalares assinala que podem “chegar à oração naturalmente”, mas têm de “sentir que ela vai ser útil”, por que “não vale a pena estar a propor a oração” se a pessoa não “está disponível”.

Oração na enfermidade, oração do doente que se queixa, oração de ação de graças, oração de súplicas, são algumas das propostas e que seguem sobretudo os Salmos, apresentam bênçãos “para as diferentes circunstâncias”.

O novo livro para o acompanhamento espiritual de doentes e outras pessoas em situação de particular fragilidade termina com indicações sobre as pessoas portadoras de deficiência.

“Não é o facto da existência de uma deficiência que impede a celebração dos sacramentos, pelo contrário, o acolhimento da Igreja deve ser para todos, para os que têm saúde, física ou mental, e para os que não têm”, salientou o padre Fernando Sampaio no programa ‘Ecclesia’, transmitido hoje na RTP 2.

PR/CB/OC

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