Canadá: Papa critica «modelo colonizador», após descoberta de restos mortais de 215 crianças indígenas

Francisco pede que autoridades religiosas e políticas trabalhem para promover caminho de «reconciliação e cura»

Cidade do Vaticano, 06 jun 2021 (Ecclesia) – O Papa condenou hoje o “modelo colonizador” na relação da Igreja e da sociedade do Canadá com as comunidades indígenas, mostrando a sua tristeza pela descoberta de restos mortais de 215 crianças numa instituição católica.

“Sigo com dor as notícias que chegam do Canadá sobre a desconcertante descoberta dos restos mortais de 215 crianças, alunos da Kamloops Indian Residential School (Escola Residencial Indígena Kamloops), na província da Colúmbia Britânica”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação do ângelus.

Esta escola era uma instituição pertencente à rede de escolas administrada pela Igreja Católica e destinada à educação de crianças indígenas.

“Uno-me aos bispos canadianos e a toda a Igreja Católica, para manifestar a minha proximidade ao povo canadiano, traumatizado pela chocante notícia”, referiu Francisco.

Segundo o Papa, esta “triste descoberta” aumenta “a consciência das dores e sofrimentos do passado”.

“As autoridades políticas e religiosas do Canadá continuem a colaborar com determinação para trazer luz sobre este triste acontecimento, empenhando-se humildemente num caminho de reconciliação e cura”, apelou.

Estes momentos difíceis representam um forte apelo, a todos nós, para que nos afastemos do modelo colonizador e também das colonizações ideológicas, de hoje, caminhando lado a lado, no diálogo, no respeito recíproco e no reconhecimento dos direitos e dos valores culturais de todos os filhos e filhas do Canadá”.

Francisco convidou os presentes a rezar em silêncio, por todas as crianças que morreram, as suas famílias e as comunidades autóctones canadianas.

Os corpos das crianças indígenas estavam numa vala comum encontrada na antiga escola residencial na Colúmbia Britânica, que fechou em 1978.

A modalidade de internato administrado pelo governo e por autoridades religiosas, nos séculos XIX e XX, tinha por objetivo “reeducar” crianças indígenas, retiradas das suas famílias.

A Conferência Episcopal do Canadá manifestou a sua “profunda dor” perante esta descoberta, pedindo que “a verdade seja revelada”, a fim de “honrar a dignidade daqueles que perderam a vida”.

Este sábado, o Papa nomeou como seu novo representante no Canadá o arcebispo esloveno Ivan Jurkovic, um experiente diplomata que era, até agora, representante da Santa Sé junto da ONU e outras organizações internacionais, em Genebra.

O núncio apostólico, ao serviço da Santa Sé desde 1984, passou pela Bielorrússia, Ucrânia, Rússia e Uzbequistão, antes de ser nomeado pelo Papa, em 2016, como observador permanente junto em Genebra.

OC

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