Burquina Faso: Bispo alerta para «tragédia sem precedentes», após ataque terrorista

D. Théophile Nare convocou um dia diocesano de luto, para esta quarta-feira, e três dias de oração

Foto: Fundação AIS

Lisboa, 28 ago 2024 (Ecclesia) – O bispo da Diocese de Kaya, no Burquina Faso, alertou para uma “tragédia sem precedentes” neste país africano, após o terceiro ataque terrorista neste mês de agosto, agora à aldeia de Barsalogho, que provocou a morte de mais de 150 pessoas.

“Uma tragédia de dimensões sem precedentes desde o início dos ataques terroristas”, assinalou D. Théophile Nare, numa mensagem à Diocese de Kaya, onde expressou as suas condolências às famílias, divulga a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

em nota enviada hoje à Agência ECCLESIA, o secretariado português da AIS informa que o bispo de Kaya convocou um ‘dia de luto pelos mortos’, para esta quarta-feira.

Num ataque terrorista à aldeia de Barsalogho, no último sábado, foram assassinadas “mais de 150 pessoas, incluindo 22 cristãos”, este foi o terceiro ataque realizado neste mês de agosto de 2024 no Burquina Faso, e “é já considerado como um dos mais sangrentos” na história deste país africano, onde atuam “diversos grupos armados jihadistas”, desde 2015.

Os habitantes da aldeia de Barsalogho, localizada a cerca de 30 quilómetros a norte de Kaya, a cidade capital da região Centro-Norte, segundo os relatos recolhidos pela AIS, estavam a cavar trincheiras defensivas, “de eventuais ataques terroristas”, quando “mais de 100 jihadistas apareceram em motorizadas”, e dispararam contra as pessoas que ali se encontravam, civis e militares.

O bispo D. Théophile Nare pediu também aos fiéis que fizessem três dias de oração como reparação por “todos os atentados contra a vida humana”, segundo um comunicado enviado à Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre.

A AIS informa que os outros dois ataques terroristas deste mês realizaram-se no dia 20 de agosto, nas aldeias de Mogwentenga e Gnipiru, e provocaram “a fuga de parte da população”, e na aldeia de Nimina, no dia 4, na província de Nayala, na região de Boucle du Mouhoun, onde “raptaram mais de 100 homens, entre os 16 e os 60 anos”.

A fundação pontifícia explica que esta situação coloca “na ordem do dia” as diversas campanhas de solidariedade que promove para as populações do Burquina Faso, “no último ano, 76 projetos” relacionados com a assistência às pessoas afetadas pelo terrorismo.

“Um dos países em que a Fundação AIS se mobilizou mais em favor das populações vítimas do terrorismo foi Portugal”, assinala o secretariado português da organização internacional.

Em fevereiro deste ano, o secretariado nacional da AIS lançou uma campanha ‘SOS Burquina Faso’, de ajuda às pessoas que vivem em campos de deslocados de Kongoussi e Séguénéga, em quatro áreas, a espiritual, na educação, nos cuidados de saúde e na alimentação.

A AIS Portugal recorda que “com apenas o preço de um café”, com 65 cêntimos, “é possível dar educação, durante um mês, a uma criança cristã” que vive num desses campos de deslocados.

“O objetivo é o de se conseguir que pelo menos 100 crianças possam continuar a estudar, apesar da situação muito precária em que se encontram, em campos de acolhimento”, explicou Catarina Bettencourt, diretora do secretariado nacional da fundação pontifícia.

CB/OC

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