Migrações: Trabalhadores Cristãos alertam para as condições de vida e de trabalho dos migrantes na República da Maurícia

Movimento mundial escreveu mensagem para o Dia Internacional dos Migrantes 2024, que se baseia no contexto de um país

Lisboa, 17 dez 2024 (Ecclesia) – O Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos (MMTC) alertou, na mensagem para o Dia Internacional dos Migrantes 2024, para as condições de vida e de trabalho dos migrantes da República da Maurícia.

“Dizem que o mundo é uma aldeia global… E a República da Maurícia não pode ficar à margem. O afluxo de estrangeiros vai aumentar e o atual governo segue esta lógica face à diminuição da taxa de natalidade, ao êxodo dos jovens, às necessidades económicas e de desenvolvimento”, refere o texto enviado à Agência ECCLESIA pela Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) de Portugal.

O Dia Internacional dos Migrantes celebra-se no dia 18 de dezembro, por resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), com o tema “As contribuições dos trabalhadores migrantes em todo o mundo”.

O MMTC contextualiza que a República da Maurícia é “uma terra de acolhimento” e que a “população, fortemente diversificada, vinha da Europa, África, Madagáscar, Ásia e China”.

“Os mauricianos trazem consigo a história do colonialismo, da escravatura e do trabalho forçado. Foi, portanto, com base na migração que o país foi construído e este fenómeno continua ainda hoje, noutras formas… É difícil dizer o número de migrantes na Maurícia!”, salienta a mensagem.

Segundos os trabalhadores cristãos, isto explica-se com o facto de “a permanência, temporária ou de longa duração no país”, ser “gerida por diferentes organismos sem uma verdadeira coordenação”.

Contrastando com as oportunidades de negócio, mudança de ambiente e a possibilidade de receber uma reforma, razões que até há bem pouco tempo faziam os migrantes vir para a Europa, o MMTC refere que nos últimos tempos surgiram outras formas de migração.

“Por um lado, os que vêm para ganhar a vida, porque a vida é demasiado dura no seu país: os bangladeshianos, os malgaxes… Por outro lado, os estudantes, que tiram partido do número de polos universitários estrangeiros, bem como das 120 bolsas de estudo que o Estado mauriciano coloca anualmente à disposição de África”, indica.

O documento sublinha que os “migrantes, os ‘expatriados’, trazem ao país: conhecimento, abertura ao mundo, colaboração”, mas “pode ser difícil ao cidadão comum ver as coisas dessa forma”.

“Porque a sua presença, com um poder de compra muito superior, conduziu a um aumento inflacionário do sector imobiliário e à monopolização das melhores localizações. Em certos locais, o luxo convive com a pobreza extrema, gerando xenofobia que se exprime sobretudo através das redes sociais…”, assinalou.

Os trabalhadores cristãos denunciam que a “xenofobia é também exercida contra estrangeiros pobres que vieram trabalhar para o país na esperança de garantir uma vida melhor para as suas famílias: Bangladeshianos, malgaxes, nepaleses, africanos”.

“São acusados de ‘terem tomado o lugar dos mauricianos’, de violarem o direito do trabalho. Os mauricianos consideram-nos dóceis, enquanto para eles é mais uma questão de sacrifício, para garantir a sobrevivência da família”, refere a mensagem.

O texto destaca que no plano político, “qualquer cidadão de um país da Commonwealth, que tenha residido na Maurícia durante cinco anos, é elegível para participar nas eleições”, e que a presença de bangladechianos durante o último ato eleitoral foi “vista por alguns como uma fraude eleitoral e como uma injustiça por outros, porque a diáspora está excluída”.

“Por seu lado, a Igreja Católica não é indiferente à situação dos migrantes. As missas dominicais são celebradas mensalmente em algumas paróquias com uma elevada concentração, no norte, em Grand-Baie e Flic-en-Flac, na costa oeste”, pode ler-se.

Face ao aumento de estrangeiros no futuro, os trabalhadores cristãos falam que resta saber quem é que assegurará “a plena integração de todas as partes, a harmonia das relações e a convivência nos nossos 1.862 quilómetros quadrados”.

“Esta questão diz respeito a nós, membros do Movimento Mundial dos Trabalhadores Cristãos, e chama-nos a trabalhar para fazer de cada ser humano, homem, mulher e criança, um irmão ou uma irmã com os mesmos direitos e as mesmas oportunidades”, concluem.

LJ

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