Brasil, um gigante

Joaquim Osório Estrada, autor da letra do hino nacional do Brasil, foi feliz ao criar a expressão “gigante pela própria natureza”.

A República Federativa do Brasil é um país-continente de florestas, rios, sertões e pampas, com uma área de 8.514.876 km², que o torna o quinto maior país do mundo em extensão. É a união de 26 estados e do Distrito Federal, onde está situada a capital Brasília, agrupados em 5 grandes regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, com uma população de 192.304 milhões de habitantes.

Oficialmente, o Português é o idioma falado pela população brasileira, herança de uma colonização portuguesa que durou 3 séculos. Porém, em rigor, no Brasil existem mais de 200 línguas nativas, faladas pelos cerca de 200.000 ameríndios brasileiros (pouco mais de 1% da população). Os restantes brasileiros são brancos (49%), pardos (42%), negros (7%) e asiáticos (1%), numa diversidade étnica que origina a grande aguarela sócio-cultural chamada Brasil.

Apesar do país constar na posição 75 do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, o que o coloca desde 2005 num patamar de rendimento elevado, a realidade mostra que o Brasil é extremamente desigual. Nos estados mais a industrializados a sul, o rendimento é efectivamente elevado, porém nos estados das regiões Norte e Nordeste o IDH é apenas médio ou médio-baixo, chegando nalguns municípios a níveis de desenvolvimento tão baixos como os do Ruanda, Malawi ou Haiti.

Simultaneamente, a realidade brasileira também se pode dividir na dicotomia cidade/campo. No campo, o antigo “coronelismo agrário” de tipo feudal, vai dando lugar ao “agronegócio” das grandes empresas agrícolas. A violência sobre os camponeses Sem-Terra não diminui. Em consequência disso, o êxodo rural é cada vez maior, as cidades vão “inchando” desmesuradamente e a população povoa favelas onde se desenvolvem a pobreza e a criminalidade. 

Num país maioritariamente católico (75% da população), com um crescente número de denominações protestantes e um forte sincretismo religioso, enraizado nas tradições negras afro-brasileiras, o voluntariado missionário deve levar em conta esta realidade e apoiar a Igreja na sua missão de ser “fermento na massa”. O trabalho gratuito passa pelo apoio aos trabalhos nos bairros/favelas, nas comunidades rurais, auxílio à Pastoral da Criança que combate a subnutrição e a mortalidade infantis ou até na Pastoral da Saúde. Caso o período de permanência seja de média duração, o voluntariado poderá ser mais ousado, e abranger a Pastoral Carcerária, os assentamentos de Sem-Terra, as comunidades afro-descendentes ou indígenas.

O campo de trabalho é imenso como o país, mas exigente, pois as actividades pastorais ou sociais terão sempre que ter um forte vector de inculturação e ser pautadas por práticas coerentes com uma opção preferencial pelos mais pobres e excluídos.

Jorge Carvalhais, Leigos Boa Nova

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