Bispo brasileiro repete greve de fome em defesa do Rio São Francisco

Bispo brasileiro D. Luís Flávio Cappio, da Diocese de Barra (Nordeste do país), entrou esta Terça-feira em greve de fome, protestando contra um projecto de desvio do Rio São Francisco, o terceiro do país. Já em 2005 o Bispo tinha tomado esta atitude, tendo abandonado a greve após um compromisso governamental de submeter o projecto a debate público. Agora retoma a greve por se dizer “enganado”. No projecto de transposição, o governo federal pretende bombear parte da água do rio São Francisco (cerca de 1%), para beneficiar moradores do semi-árido dos Estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, onde vivem 12 milhões de pessoas. O Bispo justifica o seu protesto afirmando que o projecto não vai beneficiar os que têm mais necessidade, mas o negócio dos latifundiários e a indústria. O rio São Francisco é o terceiro maior do Brasil, atravessando 5 Estados do Nordeste: possui 3163 quilómetros quadrados de extensão e sua bacia tem 640 000 quilómetros quadrados de área, o que equivale a sete vezes o território de Portugal continental. No local da greve de fome- uma pequena capela situada nas margens do Rio – D. Luís Cappio (religioso Franciscano) conta com a presença de sacerdotes, religiosas, familiares e amigos. A Conferência Nacional de Bispos do Brasil já emitiu uma nota onde se coloca ao lado do Bispo da diocese de Barra (BA), considerando que “o Estado tem a responsabilidade de garantir à população o acesso à água de boa qualidade, que é um direito humano e um bem público necessário aos seres humanos, aos animais e às plantas”. Admitindo que não há unanimidade, “nem mesmo na Igreja”, em relação a este projecto, a presidência da CNBB espera que “o diálogo se estabeleça a fim de que a vida e a justiça prevaleçam sobre quaisquer outras razões”.

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