Bento XVI vai encontrar-se com antigos alunos

Teólogo H. Noronha Galvão revela tema escolhido

Bento XVI vai voltar a reunir-se com os seus antigos alunos, prosseguindo a tradição iniciada na década de 1970, quando ainda era professor de teologia na universidade de Ratisbona, na Alemanha.

O encontro, que se realiza entre 27 e 29 de Agosto na residência de Verão do Papa, em Castel Gandolfo, arredores de Roma, será dedicado à interpretação do Concílio Vaticano II (1962-1965).

O programa prevê duas intervenções do prelado nomeado para ocupar o cargo de presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, D. Kurt Koch.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o padre Henrique Noronha Galvão, antigo aluno de Bento XVI e presença habitual nestes encontros, revelou que as conferências vão focar-se na interpretação do Concílio e na reforma litúrgica.

O primeiro dia vai ser reservado ao debate entre os participantes, enquanto que para 28 de Agosto está agendada a discussão teológica com o Papa.

Este ano, o círculo de antigos alunos de Joseph Ratzinger, que se despede do Papa na manhã do dia 29, não vai incluir o padre Noronha Galvão, que está retido em Portugal por motivos de saúde: “Era um assunto que me interessava muito mas não posso ir”, lamenta.

Em Dezembro de 2005, ano em que foi eleito Papa, Bento XVI referiu-se aos 40 anos do encerramento do Concílio, tendo afirmado que os “problemas” da recepção dos seus textos derivaram do embate entre “duas hermenêuticas contrárias”.

A interpretação de “descontinuidade”, que “pôde valer-se da simpatia dos meios de comunicação social e também de uma parte da teologia moderna”, causou “confusão” e “corre o risco de terminar numa ruptura entre a Igreja pré-conciliar e a Igreja pós-conciliar”, assinalou Bento XVI.

A “hermenêutica da reforma”, por seu lado, “produziu e produz frutos” ao apostar na “renovação na continuidade” da Igreja, operando “silenciosamente” mas “de modo cada vez mais visível”, declarou o Papa no discurso de apresentação dos votos de Natal que dirigiu aos cardeais, arcebispos e prelados da Cúria Romana.

No entender do padre Noronha Galvão, “o Concílio Vaticano II tem de ser visto dentro da tradição geral da Igreja”, pelo que “qualquer posição do Magistério situa-se sempre na linha da fidelidade à primeira fonte, que é a Sagrada Escritura”.

O Papa avalia as “expressões da fé que vão surgindo”, analisando a sua adequação à “base de toda a vida cristã”, que além da Bíblia inclui a “tradição viva da Igreja”, expressa nos pronunciamentos formulados pela hierarquia em “diversos contextos culturais e históricos”.

“Costumo dizer que Jesus Cristo tem direitos de autor sobre a Igreja, pelo que esta não é uma associação que a dada altura possa rever os estatutos e recriar tudo a partir de nada”, salienta o professor jubilado da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.

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