Sé de Évora mostra os seus tesouros culturais

Do roteiro de visitas, neste tempo de férias, fazem parte exposições sobre música e arte sacra

Até final do mês de Outubro, a Sé de Évora tem aberta ao público a exposição “Cânticos ao Divino”, dedicada à história da música sacra na cidade.

A exposição pode ser vista no Museu de Arte Sacra de Évora, instalado na ala norte da Catedral. O objectivo é estimular a cultura, dando a conhecer a vasta herança histórica e religiosa de Évora, classificada como património mundial pela UNESCO, em 1986.

Produzida pela Escola de Música de Évora, a mostra contempla um grande conjunto de documentos musicais, que remontam ao século XVI, facto que, só por si, já demonstraria a enorme ligação da cidade à música sacra.

Mas a história começou ainda mais cedo, como contou à agência ECCLESIA o cónego Senra Coelho, professor de História da Igreja no Instituto de Teologia de Évora.

“Logo que a Catedral foi restaurada, no séc. XIII, sentiu-se uma grande necessidade de se dar um dinamismo à liturgia” refere o historiador.

O impulso definitivo foi dado no séc. XVI, por acção dos cardeais D. Afonso e D. Henrique. “Foi nesta época que, com grande pujança, surgiu a Escola de Música da Catedral de Évora, com a contratação de um músico de renome, Mateus de Aranda, para o lugar de mestre de capela na Sé”, sublinha o mesmo responsável.

Com a entrada do mestre espanhol, assistiu-se a um crescimento da prática da música polifónica, passando das capelas privadas da realeza para a prática religiosa da Sé.

Foram muitas as peças criadas, e que resistiram até aos nossos dias – destaque para uma amostra de antifonários em pergaminho, com lindíssimas iluminuras, missais e outros livros, além de exemplares de música polifónica produzida por alguns dos grandes mestres da escola.

“Podemos perceber, a partir deste espólio, a importância indelével que a Escola de Musica de Évora tinha, a nível nacional e internacional”, defende o cónego Senra Coelho.

A exposição “Cânticos ao Divino” está a ser promovida ao abrigo do programa “Acrópole XXI”, inscrito no orçamento de Estado do Governo, que disponibilizou cerca de 170 mil euros para apoiar projectos de desenvolvimento do museu.

Outro projecto que vale a pena visitar é o novo Espaço Museológico de Arte Sacra do Cabido da Sé Metropolitana de Évora.

Esta parte do museu fica situada na antiga ala que albergava os moços da Escola de Arte Sacra de Évora.

“Quando se passou à polifonia, em 1528, o mestre Aranda preparou um conjunto de jovens, educando as suas vozes, para que a qualidade musical fosse de elevado nível”, completa o historiador.

É neste espaço que podemos encontrar autênticos tesouros artísticos, relíquias da tradição católica, como o Santo Lenho, de prata coberta com pedras preciosas, e o tríptico de marfim do século XII conhecido como a Virgem do Paraíso.

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