Bento XVI sublinha «papel decisivo» das mulheres na renovação da Igreja

Na catequese dedicada a Santa Clara de Assis, Papa salientou o valor do desapego dos bens materiais, pobreza, oração, amizade e virgindade

Bento XVI prosseguiu hoje no Vaticano as catequeses dedicadas a “grandes mulheres”, recordando a vida de Clara de Assis (1193-1253), um “verdadeiro clarão luminoso que brilhou na Idade Média” e “uma das santas mais amadas”.

Na alocução proferida durante a audiência geral que se realiza às Quartas-feiras, o Papa referiu-se à relevância das mulheres na renovação da Igreja, realçou o valor da virgindade e do desapego aos bens materiais e sublinhou a importância da amizade e da oração contemplativa.

Santa Clara mostra “o valor da virgindade consagrada como uma imagem do amor da Igreja ” por Cristo e o “papel decisivo desempenhado por mulheres corajosas e cheias de fé na renovação da Igreja em todos os tempos”, assinalou Bento XVI.

Segundo o Papa, a vontade de seguir uma vida simples e o desprendimento das riquezas marcaram a vida de Santa Clara: “o seu profundo desejo de seguir Cristo e sua amizade fraterna e grande admiração por São Francisco de Assis inspiraram-na a deixar a vida aristocrática e rica da sua casa paterna”.

Depois de o fundador dos Franciscanos a ter acolhido, “cortou o seu cabelo e impôs-lhe um hábito [veste] penitencial”, tornando-a inteiramente consagrada a Cristo “pobre e humilde”, lembrou Bento XVI.

“Temos aqui um exemplo de como a amizade é um dos sentimentos humanos mais nobres e elevados, que a graça divina purifica e transfigura”, contribuindo para a perseverança “no caminho da perfeição”, salientou.

A fundadora das Irmãs Clarissas, distinguiu-se também por ser a primeira mulher a escrever uma Regra (conjunto de normas que regem uma comunidade religiosa), que ainda perdura em algumas congregações inspiradas pela espiritualidade franciscana.

A sua fama de santidade levou a que fosse canonizada somente dois anos após a sua morte, pelo Papa Alexandre IV.

Na saudação em língua portuguesa, Bento XVI dirigiu-se aos “fiéis da Torreira e da diocese da Guarda”: “Que a graça de Deus, pela intercessão de Santa Clara, fortaleça a vossa vida para mostrardes a todos a felicidade que é amar Jesus Cristo. De coração, dou-vos a minha Bênção, extensiva às vossas famílias e comunidades”.

No dia em que a Igreja Católica evoca Nossa Senhora das Dores, o Papa destacou o conforto materno que ela oferece a quem vive tempos de angústia: “Caros jovens, não tenhais medo de ficar, também vós, como Maria ao pé da Cruz”, uma referência à crucificação e morte de Jesus, presenciada pela sua mãe.

“O Senhor – prosseguiu – infundir-vos-á a coragem de superar todos os obstáculos na vossa existência quotidiana.”

“E vós, caros doentes, possais encontrar em Maria conforto e sustento para aprender do Senhor Crucificado o valor salvífico do sofrimento. Vós, caros recém-casados, dirigi-vos com confiança nos momentos de dificuldade à Virgem Dolorosa, que vos ajudará a enfrentá-los com a sua intercessão materna”, disse ainda Bento XVI.

No fim da audiência, o Papa apelou ao fim da violência no sul da Ásia e pediu paz e respeito pela liberdade religiosa.

“Acompanho com preocupação os acontecimentos que ocorreram nestes dias em várias regiões do sul da Ásia, sobretudo na Índia, Paquistão e Afeganistão. Rezo pelas vítimas e peço que o respeito pela liberdade religiosa e a lógica da reconciliação e da paz prevaleçam sobre o ódio e a violência.”

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