Beja: Música Sacra regressa ao Baixo Alentejo

Edição 2011 do Festival «Terras sem Sombra» vai levar os participantes numa peregrinação pelo património cultural, artístico e natural da região

Beja, 19 Mar (Ecclesia) – O festival de música sacra “Terras sem Sombra”, que começa hoje, desafia este ano os participantes a embarcarem numa peregrinação pelo património cultural e natural do Baixo Alentejo, tantas vezes esquecido na azáfama de um mundo global.

“O Festival propõe uma reflexão sobre a situação em que nos encontramos, do ponto de vista espiritual, nesta pós-modernidade de hoje, onde nos deslocamos constantemente, temos excelentes meios de comunicação, mas acabamos por esmagar as nossas raízes” explica José António Falcão, director do Departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA) da diocese de Beja, em declarações prestadas hoje à agência ECCLESIA.

A sétima edição do certame, que decorre até 9 de Julho, tem como tema “Peregrinação interior – Momentos de Espiritualidade na Música Ocidental – Séculos XVII – XXI”.

Complementada por um conjunto de conferências temáticas e visitas guiadas, a música sacra vai funcionar como uma autêntica “aliada” da diversidade patrimonial da região, segundo o líder do DPHA, “na medida em que rompe fronteiras, atrai públicos diversificados e ajudará a criar nas igrejas históricas da região um espaço ecuménico, de diálogo em torno da espiritualidade”.

O “Terras sem Sombra” inicia-se este sábado às 17h00, em Beja, na igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, com a conferência “Peregrinação e Música”, proferida por Rui Vieira Nery.

Cada um dos seis concertos previstos vai ser realizado numa igreja representativa do Baixo Alentejo, a começar dia 2 de Abril, na Igreja de Santiago Maior, em Santiago do Cacém.

No concerto de abertura, será estreada uma composição da autoria do jovem compositor português Alexandre Delgado, uma forma de “fazer uma aproximação entre a música do passado e do presente”, realça José António Falcão.

Destaque ainda para intérpretes como a soprano Maria Bayo, os pianistas Miguel Borges Coelho e Marta Zabaleta, o cravista Pierre Hantaï, a violoncelista Irene Lima ou o Coro da Arena de Verona.

Além de veículo de sensibilização cultural, o DPHA olha para a música sacra como uma oportunidade de chamar a atenção das pessoas para a preservação da natureza, numa época em que “se gastam demasiados recursos, arrastando nesta batalha a destruição de muitas particularidades do nosso património natural” explica aquele responsável.

De acordo com o programa, os concertos vão ser realizados sempre ao Sábado e, em cada domingo seguinte, o DPHA vai realizar acções-piloto de conservação da Natureza, com a participação dos músicos, das escolas e da população local.   

José António Falcão exemplifica com “a colocação de ninhos, feitos em cortiça, em sobreiros e a ajuda na preservação de peixes que estejam em extinção”, na região alentejana, e perspectiva uma grande participação nas diversas iniciativas do Festival, à semelhança dos anos anteriores.

“Há sempre um envolvimento grande por parte das paróquias, das autarquias, de outros órgãos da região, temos sido muito acarinhados neste trabalho” destaca.

Com um novo director artístico, Paulo Pinamonti, antigo director do Teatro Nacional São Carlos e que até aqui dirigia o Festival Mozart da Corunha, o passo seguinte, para a diocese de Beja, será internacionalizar definitivamente o certame.

Desde a sua criação, em 2003, o “Terras sem Sombra” tem vindo a despertar cada vez mais interesse entre o público nacional, contando também com uma importante fatia de visitantes vindos da Estremadura e da Andaluzia espanholas.

JCP

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