Beja, abre-te à missão!

Mensagem de D. António Vitalino Diariamente somos confrontados com situações de crise, na família, na escola, no trabalho, no desporto, na política, na economia, no sistema financeiro, etc. Ouvem-se queixas e lamentos, já não apenas da parte dos pobres, dos pequenos, mas também dos poderosos, dos ricos. Muitos só agora acordam para a realidade do mundo global, constatando que as atitudes, comportamentos e acções dos indivíduos, dos grupos e dos países têm reflexos em toda a sociedade e em todo o mundo. Afinal temos todos de nos converter à solidariedade, ao bem comum, à comunhão. Todos precisamos de princípios e critérios de vida com valor universal. Não pode ser apenas o meu interesse, o meu bem estar, o meu prazer de momento que ditam a minha maneira de viver. Os mandamentos atribuídos a Moisés, as bem-aventuranças proclamadas e vividas por Jesus Cristo, as obras de misericórdia inspiradas no Evangelho precisam de iluminar a nossa vida. Aqueles que receberam o dom da fé e acreditam em Jesus Cristo e se dizem membros da Igreja Católica terão de ser os primeiros a acordar e a dar testemunho neste mundo fechado em si mesmo, confiando exclusivamente nos bens materiais e no bem estar individual. Há muita gente a sofrer os efeitos da crise mundial. Muita gente, muitas crianças a morrer de fome, de doenças há muito eliminadas do chamado primeiro mundo. Temos de abrir o nosso coração e as nossas energias e recursos para partilhar com o chamado terceiro mundo e também o quarto mundo dos esquecidos do nosso primeiro, nos subúrbios das grandes cidades e também já nos centros históricos de casas em ruína. Como fazê-lo, podemos perguntar-nos? Mudança do nosso modo de dizer-se cristão A primeira mudança tem de começar por mim, abrir-me ao mundo e a todos os humanos que ainda não conhecem a Cristo, os de perto e os de longe, pois Deus quer salvar a todos, sem excepção e serve-se dos Apóstolos e dos seus sucessores para anunciar e testemunhar a boa nova da esperança. A Igreja é essencialmente missionária. E nós, clero, consagrados e leigos, também teremos de o ser, de acordo com a vocação de cada um, para sermos, não apenas de nome, cristãos e discípulos. Com S. Paulo, teremos de nos converter a Cristo e ao testemunho. Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho! (1 Co 9, 16). Esta motivação e urgência temos de a partilhar e tornar viva na diocese, nas comunidades paroquiais, serviços e movimentos, pois a messe é grande e os trabalhadores são poucos… Como tornar-se discípulo e missionário de Jesus Cristo? Segundo a fé e a tradição cristã, os dons recebidos são para partilhar e para servir os irmãos, a começar pelos pobres, os doentes, os marginalizados. Assim se apresentou Jesus solenemente no início da sua vida pública, assim também enviou os seus discípulos ao dar-lhes o Espírito Santo. Isso mesmo experimentou S. Paulo após a sua conversão, a ponto de se dispor a perder-se ele mesmo desde que os seus irmãos se salvassem, aceitando e acreditando em Jesus Cristo! Esta paixão por Cristo e por todos os homens foi-se fortalecendo ao longo da vida missionária de S. Paulo, numa simbiose que nos fazem compreender que a fé se alimenta na Palavra e na vida de Cristo e na missão, a ponto de podermos dizer que não há fé autêntica sem espírito de missão. Isto parece ser um círculo vicioso, mas é na realidade o circuito vital dos verdadeiros discípulos de Cristo. A falta de alegria, de identificação e de entusiasmo da nossa Igreja de Beja e das nossas comunidades tem a sua origem na ausência do espírito missionário, no individualismo crescente e consequente recusa de partilhar a fé e disponibilizar-se para colaborar na transmissão da mesma fé. Por isso, ao iniciarmos um novo ano pastoral, neste mês do Rosário e das Missões, recordados da mensagem transmitida por Nossa Senhora aos três pastorinhos de Fátima, deixo aqui este veemente apelo a todos os colaboradores e cristãos: acordemos para a missão, para a alegria da nossa identidade e pertença a Cristo, para a esperança que nenhum poder deste mundo nos pode arrebatar, se fundada na adesão a Jesus, à sua boa nova e testemunhada na família, na escola, na sociedade, nos locais de trabalho e de lazer e, talvez um dia também, levada até aos confins da terra, como o fizeram os nossos antepassados. Por isso desafio a todos os diocesanos, para entrarmos na escola de Jesus, na escuta e meditação da sua Palavra, na transmissão da fé às crianças, aos jovens, aos adultos afastados dessa escola (por exemplo, nas assembleias familiares), aos doentes, aos deprimidos e solitários. Queridos diocesanos, vamos neste ano contribuir para a construção da esperança radicada na fé e no amor a Cristo e aos irmãos. Não é preciso fazer muitas coisas. Basta alimentar-se da Palavra do Mestre, receber os seus dons na oração e na Eucaristia dominical e testemunhar a alegria de sermos seus discípulos e missionários, enviados aos esfomeados e mendigos do amor e da esperança.

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