Ásia: Papa deixa mensagem final pela reunificação da Coreia

Francisco presidiu a Missa pela paz e reconciliação na península perante milhares de pessoas na Catedral de Seul

Seul, 18 ago 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco deixou hoje em Seul um apelo final à reunificação da península coreana, no quinto e último dia da sua viagem à Coreia do Sul.

“Rezemos pelo aparecimento de novas oportunidades de diálogo, encontro e superação das diferenças, por uma incessante generosidade na prestação de assistência humanitária aos necessitados, e por um reconhecimento cada vez maior de que todos os coreanos são irmãos e irmãs, membros duma única família e dum único povo. Falam uma só língua”, declarou, na homilia da Missa a que presidiu na Catedral de Myeong-dong.

A celebração teve como intenção a paz e a reconciliação, contando com a presença da presidente sul-coreana Park Geun-hye, sete mulheres coreanas escravizadas pelos japoneses durante a II Guerra Mundial e cinco desertores norte-coreanos.

O regime de Pyongyang não permitiu a presença de católicos residentes na Coreia do Norte nesta celebração.

O cardeal Andrew Yeom Soo-jung, arcebispo de Seul, ofereceu ao Papa uma ‘coroa de espinho’, feita com arame farpado vindo da fronteira entre as Coreias, e uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, padroeira da Catedral de Pyongyang.

Francisco sublinhou que a oração pela paz e a reconciliação se “reveste de particular ressonância na península coreana”, que vive uma experiência de divisão e conflito há mais de 60 anos.

“O dom divino da reconciliação, da unidade e da paz está inseparavelmente ligado à graça da conversão: trata-se de uma transformação do coração, que pode mudar o curso da nossa vida e da nossa história, como indivíduos e como povo”, disse aos participantes na celebração.

Neste sentido, o Papa convidou a uma reflexão sobre o testemunho da comunidades católica no seu “compromisso evangélico com os desfavorecidos, os marginalizados, com aqueles que não têm emprego ou estão excluídos da prosperidade”.

Francisco alertou para uma mentalidade “fundada sobre a suspeita, a confrontação e a competição”, para realçar que “o perdão é a porta que leva à reconciliação”.

“Assim, a mensagem que vos deixo no final da minha visita a Coreia é esta: tende confiança na força da cruz de Cristo; acolhei nos vossos corações a sua graça reconciliadora e partilhai-a com os outros”, afirmou.

O Papa, que antes da Missa se encontrou com líderes religiosos coreanos, em privado, pediu que os católicos promovam um “espírito de amizade e cooperação” com os outros cristãos, com os seguidores de outras religiões e com todos os homens e mulheres de boa vontade.

Francisco quis ainda deixar uma palavra de gratidão aos sacerdotes da Coreia pelo seu contributo para “a obra de reconciliação e paz” neste país.

No final da Missa, o pontífice argentino desceu à cripta da Catedral, onde são conservadas relíquias de nove mártires, mortos durante as perseguições de 1839 e 1866, seguindo depois para a Base Aérea de Seul, para a cerimónia oficial de despedida.

Esta foi a terceira viagem internacional do pontificado e a primeira ao Extremo Oriente; o último Papa a visitar a Coreia do Sul tinha sido São João Paulo II, em 1989.

OC

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