Arquivos da Igreja devem ser profissionalizados

«Não podemos continuar com trabalho voluntário neste domínio», defende representante da Conferência Episcopal no Conselho Nacional de Cultura

A gestão e tratamento dos arquivos da Igreja Católica deve deixar de ser confiada a amadores e ser entregue a profissionais, defende o representante da Conferência Episcopal daquele pelouro no Conselho Nacional de Cultura.

“Um dos passos a dar é, claramente, o da profissionalização. Não podemos continuar com trabalho voluntário neste domínio”, afirmou Pedro Penteado à ECCLESIA.

O responsável fala de “viragem” no sector para sublinhar que “este é um dos desafios mais importantes” que se colocam à organização dos documentos eclesiais, já que “vai permitir dar um salto qualitativo em pouco tempo”.

Pedro Penteado foi um dos intervenientes na primeira Jornada Nacional sobre os Arquivos Diocesanos, realizada esta Terça-feira em Santarém.

O encontro foi marcado pela apresentação do programa de diagnóstico dos arquivos diocesanos, um projecto que a directora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, Sandra Costa Saldanha, considera essencial.

“Não podemos avançar sem conhecermos a realidade, sem sabermos os seus problemas, as suas patologias exactas”, frisa a responsável.

Pedro Penteado explica que o diagnóstico “pretende identificar a situação concreta que existe neste momento, as debilidades e os pontos fortes”, para que as actuais “impressões qualitativas” dêem lugar a “dados mais rigorosos”.

O questionário vai permitir saber quais as políticas de gestão de documentos das dioceses, nomeadamente ao nível do planeamento, atribuição de responsabilidades e afectação de recursos.

A análise vai incidir especialmente nos “arquivos históricos”, procurando determinar a dimensão desses acervos, assinalar os documentos mais importantes e identificar aqueles que estão em risco.

O actual responsável máximo da Direcção Geral de Arquivos, organismo dependente do Ministério da Cultura, acredita que o questionário contribuirá para “sedimentar todos os debates que venham a ocorrer sobre a estratégia para os arquivos da Igreja”, além de permitir verificar a sua evolução ao longo dos anos através da actualização do inquérito.

O trabalho vai ser desigual porque há dioceses com dados já recolhidos, enquanto que outras vão exigir “ir para o terreno perceber a situação existente”, assinala Pedro Penteado.

O responsável salienta que as tarefas a executar em cada arquivo central diocesano podem ser agilizadas com a cooperação mútua, devido à necessidade de realizar “trabalho transversal” no tratamento de documentação semelhante.

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