Ano C – 25.º Domingo do Tempo Comum

Servir a Deus ou ao dinheiro?

A liturgia da Palavra deste vigésimo quinto domingo do tempo comum faz-nos pensar no lugar que o dinheiro e os outros bens materiais devem assumir na nossa vida como discípulos de Jesus.

Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia os comerciantes sem escrúpulos, preocupados em ampliar cada vez mais as suas riquezas, que pensam apenas em explorar a miséria e o sofrimento dos pobres. Amós avisa: Deus não está do lado de quem escraviza os irmãos por causa da obsessão do lucro. A exploração e a injustiça não passam em claro aos olhos de Deus.

No Evangelho, à luz da parábola do administrador astuto, Jesus oferece aos discípulos o exemplo de um homem que percebeu como os bens deste mundo são caducos e precários, usando-os para assegurar valores mais duradouros e consistentes. Deste modo, Jesus avisa os discípulos de que a aposta obsessiva no “deus dinheiro” não é o caminho mais seguro para construir valores duradouros, geradores de vida plena e de felicidade.

O mundo em que vivemos decidiu que o dinheiro é o deus fundamental e que tudo deixa de ter importância. Por dinheiro, há quem sacrifique a sua dignidade e apareça a expor, diante de uma câmara de televisão, a sua intimidade e a sua privacidade. Por dinheiro, há quem venda a sua consciência e renuncie a princípios em que acredita. Por dinheiro, há quem não tenha escrúpulos em sacrificar a vida dos seus irmãos e trafique pessoas e venda drogas e armas que matam. Por dinheiro, há quem seja injusto, explore os seus operários, se recuse a pagar o salário do mês porque o trabalhador é ilegal e não se pode queixar às autoridades. Isso faz-nos pensar seriamente nas gritantes injustiças e nos enormes abismos entre os muito ricos e os muito pobres. Sobretudo nestes tempos tão difíceis que vivemos!

Como diz o Papa Francisco, «a pessoa humana está em perigo: isto é certo, hoje a pessoa humana está em perigo, eis a urgência da ecologia humana! E o perigo é grave, porque a causa do problema não é superficial, mas profunda: não é só uma questão de economia, mas de ética e de antropologia. O que manda hoje não é o homem, mas o dinheiro, é o dinheiro que manda! E Deus, nosso Pai, confiou a tarefa de conservar a terra não ao dinheiro, mas a nós: aos homens e às mulheres; somos nós que temos esta tarefa!»

Claro que o dinheiro não é uma coisa imoral e desprezível. É um bem que devemos procurar para vivermos neste mundo e termos uma vida com qualidade e dignidade. Porém, desde que o dinheiro não se torne uma obsessão e uma escravidão, pois ele não nos assegura, e muitas vezes até perturba, a conquista dos valores duradouros e da vida plena, como a dignidade, a justiça, a paz, a partilha e o bem comum.

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org

 

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