Angra: Pastoral Familiar das Capelas promove sessões de formação sobre violência doméstica e violência no namoro

«É importante denunciar situações de desigualdade» – Padre Horácio Dutra

Foto: Agência ECCLESIA/CR

Capelas, Açores, 29 fev 2024 (Ecclesia) – A Pastoral Familiar da Ouvidoria das Capelas (Diocese de Angra), na ilha de São Miguel, está a dinamizar sessões de sensibilização e partilha sobre violência doméstica e violência no namoro, nos seus três polos para chegar a todas as paróquias.

“É importante anunciar o Evangelho, mas também é igualmente importante denunciar situações de desigualdade, situações de violência de forma a ir à procura daqueles que estão ao largo do Evangelho”, afirmou o ouvidor das Capelas, padre Horácio Dutra, ao portal na internet ‘Igreja Açores’, da Diocese de Angra.

A Pastoral Familiar da Ouvidoria (conjunto de paróquias) das Capelas, na Diocese de Angra, está a dinamizar sessões de sensibilização e partilha sobre violência doméstica e violência no namoro; nos Açores, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou um aumento de queixas – em 2023, acompanhou mais de 300 processos de violência tipificada como crime – a maioria relacionada com violência doméstica contra mulheres.

“Há claramente um aumento do número de pedidos de apoio à APAV,  mas mais do que um aumento do número de crimes ou da criminalidade julgamos que este aumento se deve, sobretudo, a uma maior consciência e consequentemente denuncia”, disse a gestora do Gabinete de Apoio à Vítima em São Miguel, Emanuela Braga.

A primeira sessão da Ouvidoria das Capelas, realizada esta quarta-feira, dia 28 de fevereiro, partiu da pergunta: “Qual é o limite da tolerância para uma situação de violência numa relação de intimidade?”.

“É de extrema importância debatermos alguns assuntos; acima de tudo informarmos o que é a violência doméstica, violência em contexto de namoro e assim contribuir para uma maior informação que leve ao reconhecimento destas situações e à sua denúncia, sejam vítimas sejam pessoas próximas das vítimas”, desenvolveu a psicóloga Emanuela Braga, em declarações à Diocese de Angra, no Salão Paroquial de Santo António.

Foto: Agência ECCLESIA/CR

O padre Horácio Dutra assinalou que é preciso “ler os sinais” e lembrou que, hoje, “há muita gente em sofrimento por causa destas temáticas”.

“Temos que dar voz a estes que andam a vaguear com o olhar perdido na rua da vida e vivem a sua fragilidade no silêncio, porque a Igreja tem de ser Verónica para limpar o rosto dos que fraquejam, Cireneu para ajudar a levantar e Maria dando o colo a quem precisa”, desenvolveu o pároco de Santo António e Santa Bárbara.

A gestora do Gabinete de Apoio à Vítima em São Miguel abordou a questão da tipificação do crime de violência doméstica, incentivando a denúncia, e apresentou as várias situações em que existe esta violência, explicando quais os sinais que antecipam um comportamento agressivo ou que pode tornar-se em violência – a manipulação, a pressão, a chantagem, a agressividade, o isolamento social, tentação da posse – e, do lado da vítima, o medo do abandono, da falta de soluções ou crenças religiosas.

“São situações e comportamentos inaceitáveis que não podem ser tolerados”, acrescentou a psicóloga Emanuela Braga, adiantando que dos mais de 300 processos abertos realizaram cerca de 1500 atendimentos.

O padre Horácio Dutra observou que este é um problema que “atinge muita gente e para o qual ainda não há uma sensibilização tão generalizada como seria de esperar”, por isso, a Pastoral Familiar vai promover mais sessões, em São Vicente Ferreira e Fenais da Luz e na zona das Bretanhas, “para apanhar os três polos da ouvidoria”.

O portal ‘Igreja Açores’ adianta ainda que estes encontros vão ser complementados com um sobre a temática das mulheres, para assinalar o Dia Internacional da Mulher (8 de março), e outra sobre pessoas com deficiência.

CB/OC

 

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