Angra: Bispo afirma que a cruz «ainda hoje» é motivo de espetáculo, «em tantas vítimas inocentes das cidades»

D. Armando Esteves Domingues pediu que acreditem «sempre na amizade de Cristo», que «nunca trai os amigos»

Foto Igreja Açores/HS

Angra do Heroísmo, Açores, 29 mar 2024 (Ecclesia) – O bispo de Angra disse hoje, Sexta-feira Santa, que na Celebração da Paixão e Morte de Jesus acompanham-no “com a cruz pela cidade de Jerusalém” e são “muitas as cenas deste filme dramático”, um espetáculo que ainda acontece.

“A cruz foi motivo de espetáculo para o povo das ruas como é ainda hoje em tantas vítimas inocentes, em tantas tragédias no meio das nossas cidades. Que o digam as televisões, quantas tragédias nos dão como um espetáculo”, disse D. Armando Esteves Domingues, na homilia proferida na Sé.

“Quantas tragédias são espetáculo provocado por aqueles que a todo o custo buscam lucros desmedidos, exercem o poder sem regras, massacram inocentes, explora trabalhadores, jovens, mulheres, crianças.”

Na reflexão, enviada à Agência ECCLESIA, o bispo de Angra, a partir de um evangelista como Lucas, explica que a cruz é ainda hoje sinal de “um outro e mais poderoso espetáculo”, regressaram a casa “batendo no peito”, que significa o “reconhecimento das próprias culpas, na morte daquele inocente”, e perguntou aos presentes se continuam a reconhecer o “contributo para o peso da sua cruz, aquela e a de todos os dias”.

D. Armando Esteves Domingues lembrou que na celebração da Ceia do Senhor, em Quinta-feira Santa, tinham acompanhado Jesus e os apóstolos “à mesa, numa casa de família, no cenáculo”, hoje acompanham-no “com a cruz em viagem pelo meio da cidade de Jerusalém”, um “filme dramático” que tem muitas cenas que entraram “pelos olhos dentro”.

“Um homem jovem carregando uma cruz; contemplamos a dor estampada no seu rosto, as lágrimas que já se transformaram em sangue, a mãe muda, muda pela dor, abraçada pelas santas mulheres, mas damos conta também do eclipse dos apóstolos, os seus amigos, e ferem os ouvidos os gritos de uma multidão certamente manipulada a pedir a morte, querer sangue, uma multidão que se regozija com os espinhos, as chicotadas e os pregos.”

O bispo de Angra, na homilia de Sexta-feira Santa, da celebração da Paixão e Morte de Jesus, afirmou que “Jesus não deixa ninguém fora do amor” do Pai que ele bem conhece, “para ele não há bons nem maus, há filhos amados”, e partilhou que na narração da paixão provocam-no dois momentos, dois encontros com dois apóstolos: Judas que significa “predileto” e Pedro”, “um atraiçoou-o com um beijo, entregou-O, o outro atraiçoou-o por palavras, ignorando-o e negando-o”.

“Acreditemos sempre na amizade de Cristo. Cristo nunca trai os amigos, mesmo quando não o merecemos, mesmo quando nos voltamos contra ele, mesmo quando o negamos. Perante os seus olhos e o seu coração, somos sempre amigos”, disse D. Armando Esteves Domingues, na tarde desta sexta-feira, 29 de março.

Segundo o bispo de Angra, a confiança que leva Jesus a entregar-se ao Pai – “nas tuas mãos entrego o meu espírito”- é a mesma que deve fazer a cada um “amar cada cruz e seguir em frente, recomeçar sempre”, porque a “cruz não é morte mas é caminho de uma vida nova”.

CB

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