Angola: Organização ligada aos Dominicanos denuncia cerco policial a ativistas dos Direitos Humanos

Bispos católicos condenaram violência no Lunda Norte

Foto: Mosaiko

Lisboa, 12 fev 2021 (Ecclesia) – A polícia está a reter quatro ativistas dos Direitos Humanos na residência paroquial do Cafunfo (leste de Angola), denunciou o Mosaiko – Instituto para a Cidadania, uma organização católica ligada aos missionários Dominicanos.

Os membros do Mosaiko e da Rede de Defensores de Direitos Humanos (RDDH) permanecem sem sair da casa, vigiados pela polícia, desde a última quarta-feira.

A situação mantinha-se na manhã de hoje, segundo referiu à Agência ECCLESIA o diretor do Mosaiko, padre Júlio Candeeiro.

“Nada de novo. Os colegas querem sair e não os deixam”, lamentou o religioso dominicano.

Os ativistas deslocaram-se à vila mineira de Cafunfo, palco de incidentes entre a polícia e populares no último dia 30 de janeiro, de que resultaram um número indeterminado de mortos e feridos.

O Mosaiko e a RDHH estavam a levar a cabo contactos com a Comissão de Justiça e Paz da localidade, com quem trabalham há vários anos, e com missionários locais.

Na última quarta-feira, “vários agentes policiais entraram na casa paroquial, onde a equipa estava hospedada”, tendo permanecido o espaço sob vigilância, denunciou o Mosaiko, em mensagem divulgada através das suas redes sociais.

O Mosaiko é um Instituto angolano, sem fins lucrativos, que visa contribuir para uma cultura de Direitos Humanos em Angola; foi fundado em 1997, pelos Missionários Dominicanos (Ordem dos Pregadores).

A manifestação de 30 de janeiro foi promovida pelo ‘Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe (MPPLT)’, que reivindica a autonomia do Leste do país.

A delegação da União Europeia em Angola escreveu ao ministro da Justiça e dos Direitos Humanos angolano a deplorar os incidentes de Cafunfo e a solicitar-lhe uma reunião para “abordar a questão diretamente”, disse à Lusa um porta-voz comunitário.

Os bispos católicos da Província Eclesiástica de Saurimo (dioceses de Saurimo, Luena e Dundo) manifestaram no início deste mês a sua “consternação” com os incidentes, sublinhando a “frustração e a insatisfação crescente de um povo que sabe viver numa terra que produz riqueza, mas que não vê os benefícios”.

Os responsáveis católicos sublinham que “nenhum angolano devia morrer ou ser morto por pensar de maneira diferente” e defendem “uma investigação séria para apurar a verdade e responsabilizar os culpados, seja de que lado for”.

OC

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