Angola: Bispos alertam para dificuldades «sem fim à vista» no país

«Estamos chamados a ser uma esperança no meio da angústia», assinala Conselho Permanente do episcopado católico

Foto: CEAST

Luanda, 10 nov 2023 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) alertou para as “crises económicas cíclicas” que afetam a população, numa nota pastoral publicada pelo dia da independência angolana.

“As crises económicas cíclicas, a depreciação da moeda, a perda do poder e o consequente difícil acesso aos bens da cesta básica parecem fazer parte do quotidiano dos angolanos sem fim à vista. Diante deste quadro a tentação maior é do desespero, da resignação, e da desistência”, assinalam o Conselho Permanente da CEAST, divulga o portal ‘Vatican News’.

Na nota pastoral, publicada pelo Dia da Independência Nacional de Angola 2023, os bispos referem que parece que não têm tirado as lições para melhorar “o modo de governar e alcançar o bem-estar duradoiro para todos”, apesar da crise financeira, de 2008, e da crise dos países produtores de petróleo, em 2014.

A CEAST aponta para a “esperança” que incentiva a uma “atitude de abençoada subversão” que não se resigna diante das adversidades, “uma esperança no meio da angústia”, porque a esperança olha sempre para onde a “realização pessoal e coletiva é possível”.

O Conselho Permanente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé convida a “refletir” em conjunto sobre o que correu mal no país, a “apreciar os feitos positivos” que realizaram, e a iniciarem “imediatamente a reconstrução do tecido social”.

Os bispos assinalam que é preciso estabelecer prioridades, e destacam três: A “reconciliação nacional, evitando a perda de energias e de inteligências inutilmente”; a “urgência” de uma Comunicação Social credível, que “una os angolanos e se regule por critérios de objetividade”, que seja um “instrumento de paz e desenvolvimento”.

O terceiro ponto é o “estabelecimento efetivo” de um Estado democrático de direito, “onde o primado da lei e da justiça sejam para todos”.

O Conselho Permanente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé esteve reunido, esta quarta e quinta-feira, 8 e 9 de novembro, em Luanda, para preparar a próxima Assembleia Plenária, e publicou uma nota pastoral pelo 48º Dia da Independência Nacional de Angola, que comemoraram este sábado.

Segundo o documento, lido por D. Maurício Camuto, bispo da Diocese de Caxito e secretário-geral da CEAST, a independência de Angola foi o “renascer das esperanças”, com a possibilidade do “alcance da autodeterminação e a criação de um Estado novo capaz de dar o melhor para os seus filhos”.

Neste contexto, os bispos lamentaram a “fome, miséria, deslocações da população, insegurança, improdutividade, mendicidade, desestruturação do tecido social, perda de valores morais e éticos, e tantos outros males”, causados com a guerra civil (1975-2002) e a “barbárie”; alcançada a paz foi a “corrupção gangrenosa que drenou o país” de recursos oferecidos para o desenvolvimento de outras economias.

A Rádio Ecclesia, emissora católica de Angola, informa que o Conselho Permanente da CEAST esteve a preparar a próxima Assembleia Plenária, que se vai realizar na Arquidiocese de Malanje, de 27 de fevereiro a 4 de março de 2024.

CB/OC

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